Talita Rodrigues
Precisamos entender que o vazio existe para nos ensinar a buscar aquilo que nos falta
Ultimamente, eu vinha percebendo a minha dificuldade de escrever. Minha inspiração para escrever sobre o amor, sobre a fé e a esperança simplesmente desapareceram. Ao me dar conta disso, percebi que precisava escrever um texto exatamente sobre o que estava me afligindo: o vazio.
Conclui que, durante nossas vidas, raramente encontramos pessoas que nunca passaram por um vazio existencial. O vazio não tem forma, não tem cor, não tem nome e sequer sabemos de fato com o que preenchê-lo.
O vazio tem a tendência – e talvez até seja este seu papel – de fazer com que nós nos percamos de nós mesmos. Não reconhecemos mais os nossos gostos nem o que nos deixa felizes. O vazio é mestre em transformar um céu azul em nublado. Um arco-íris colorido apenas em escalas de cinzas e um dia ensolarado em um dia chuvoso. Nesses períodos, tendemos a ficar cegos a todas as belezas que a vida nos oferece.
Como psicóloga, nunca ouvi ninguém dizer que estava completamente pleno e que havia conseguido preencher o vazio que apareceu para si em algum momento de sua história. Precisamos entender que o vazio (dentro da normalidade) faz parte dos sentimentos e das emoções humanas e que, sim, ele sempre vem para nos ensinar a buscar aquilo que nos falta. E essa busca talvez seja justamente o que nos dará o sentido que tanto precisamos.
Lidar com o vazio, encará-lo e dar forma a ele é para corajosos. Tenha coragem, respeite suas emoções, empenhe-se em organizar lugares para cada sentimento despertado aí dentro.
Mesmo percebendo que que você sinta muito a falta de você mesmo ou de alguém, você continua vivendo. E dá para sorrir, se permitir viver momentos felizes, mesmo que o vazio esteja de passagem em seu coração.
Se pararmos para pensar, para olhar para o céu, algumas vezes é necessário que estejamos no chão. Só o fato de termos que nos levantar de algum jeito – porque, independentemente da situação, a vida continua – e isso significa que teremos que olhar além dos muros, das ruas, dos prédios e de tudo o que está a nossa frente. Somente o fato de termos que nos levantar e continuar, de alguma forma, nos fará olhar para o céu. E eu espero do fundo do meu coração que, quando você olhar para o céu, você possa perceber a presença Daquele que estende a mão para você, e que está lá, somente por você.
A tristeza é temporária. O vazio também. Contudo, precisamos entender que ambos fazem parte da vida e que, nos mais diversos capítulos de nossas histórias de vida, teremos que aceitá-los com amor e descobrirmos a forma certa de entender a mensagem que ambos querem nos transmitir.
Coisas boas também acontecem através da dor.
Fonte: Aleteia