Ao longo dos séculos, consolidou-se entre os cristãos uma poderosa devoção às Cinco Chagas de Cristo, que representam as Suas principais feridas durante a Paixão e Morte. Muitos santos praticaram esta devoção, que é uma das favoritas do Papa Francisco.
A primeira carta de São Pedro diz:
“Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas fomos curados” (1 Pedro 2,24).
Alicerçada nesta passagem bíblica, a devoção às Chagas de Cristo tomou força especial nos séculos XII e XIII, quando os cristãos começaram a redescobrir a Terra Santa e a meditar com ainda mais vivacidade sobre a Paixão de Jesus.
Uma célebre homilia de São Bernardo de Claraval, destacando as Chagas de Cristo, se tornou um dos textos mais relevantes a respeito desta devoção. Em uma das passagens, ele pergunta aos fiéis:
“Onde podem os fracos encontrar firme segurança e paz a não ser nas chagas do Salvador?”
As Chagas de Cristo, obviamente, eram numerosas, devido à brutal violência dos açoites, da coroação de espinhos, dos golpes que os soldados Lhe deram, das feridas e quedas durante a subida rumo ao Calvário e da própria crucificação e retirada da cruz, mas, com o tempo, a devoção passou a representar a totalidade das feridas de Jesus mediante as cinco principais: as das duas mãos, as dos dois pés e a do lado perfurado.
As Cinco Chagas de Cristo passaram a ser rememoradas na liturgia durante a Vigília Pascal, quando o sacerdote colocava cinco grãos de incenso no Círio Pascal. Mesmo o rosário dominicano tem traços desta devoção, com os cinco pais-nossos intercalados entre as demais orações.
Santa Gertrudes foi outra promotora da devoção às Cinco Chagas de Cristo. Após meditar sobre as feridas que o Redentor sofreu por nós, ela teve uma visão do próprio Jesus, que lhe dizia:
“Percebe com quanta glória Eu te apareço agora. De igual maneira te aparecerei à hora de morreres; cobrirei todas as manchas dos teus pecados e também as daqueles que saudarem as minhas chagas com a mesma devoção”.
O Papa Francisco, no ângelus de 18 de março deste ano, fez a seguinte reflexão:
“Não se esqueçam disto: olhem para o crucifixo, mas para dentro dele. Existe a linda devoção de rezar um pai-nosso para cada uma das cinco chagas: enquanto rezamos esse pai-nosso, procuramos ir entrando pelas feridas de Jesus até bem profundamente no Seu coração. E lá conheceremos a grande sabedoria do mistério de Cristo, a grande sabedoria da cruz”.
Pela devoção às Cinco Chagas de Cristo, reconhecemos a grande dor que Ele sofreu por cada um de nós e invocamos a Sua misericórdia para lavar os nossos pecados.
Fonte: Aleteia