A Igreja celebra, em 28 de agosto, Santo Agostinho, doutor da Igreja e grande escritor
Bispo e doutor da Igreja, um grande escritor conhecido pela contribuição teológica para a Igreja Católica. Santo Agostinho é celebrado nesta segunda-feira, 28.
O Frei Eberson Dionisio Naves, da Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil, lembra que, em seu processo de conversão pessoal, Santo Agostinho optou por viver uma experiência de vida monástica que foi extremamente frutuosa. O religioso, que é vigário na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Marechal Hermes (RJ), comenta o legado do santo para sua ordem religiosa.
Quando foi eleito Bispo de Hipona, já havia fundado pelo menos três mosteiros masculinos e um mosteiro feminino, que viviam sob sua guia espiritual. Muitos dos monges que partilharam esse estilo de vida, ao serem eleitos Bispos, reproduziam o estilo monástico de Santo Agostinho em suas dioceses e, assim, a vida monástica agostiniana foi se espalhando.
Por volta do século XIII, no contexto dos movimentos de mendicância, o Papa Inocêncio IV, por meio da Bula Incumbit Nobis reuniu diversos grupos eremíticos que viviam a Regra de Santo Agostinho, e os congregou como Ordem. Mais tarde, sob o pontificado de Alexandre IV, outros grupos religiosos foram agregados a essa primeira Congregação, no episódio conhecido como Grande União (1256). Essa nova Ordem, então, foi erigida canonicamente e chamou-se Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho.
Legado de Santo Agostinho para os Agostinianos
O Frei Eberson afirma que o legado espiritual e intelectual de Santo Agostinho é um tesouro imensurável. “Teria dificuldade de elencar o quanto pude aprender com ele e com a vida agostiniana. Uma coisa, porém, destaco: a importância e o valor da comunidade no seguimento a Jesus. Sempre me impactou, por exemplo, a concepção de santidade de Santo Agostinho. Na Regra ele ensina que ‘saberão que mais se adiantaram na perfeição quanto mais tenham cuidado das coisas comuns que das próprias’, ou seja: a santidade é preferir o bem comum, é antepor o bem comum ao bem próprio.”
E nesse caminho de santidade, o religioso destaca ainda a ênfase na vida comunitária como um grande aprendizado que ele carrega consigo. “Os freis agostinianos consideram-se (e de fato, o são), os herdeiros espirituais de Santo Agostinho. Reconhecem no Santo Bispo de Hipona a principal referência para a consagração das suas vidas no seguimento a Jesus Cristo”.
Regra dos Servos de Deus
Para Frei Eberson, a principal referência de Santo Agostinho para os Agostinianos é a Regra dos Servos de Deus, escrita e vivida por Santo Agostinho e seus amigos, nos mosteiros que ele fundou no Norte da África. Além da santa Regra, seus diversos escritos e seu testemunho de conversão e santidade também compõem seu legado para os Agostinianos.
A Regra em questão é composta de oito capítulos e tem como principal intenção favorecer o cumprimento do duplo mandamento do amor: o amor a Deus e ao próximo.
“Que Deus lhe conceda viver movido pela caridade, como apaixonado da beleza espiritual e exalando o bom perfume de Cristo” (Cf. Regra de Santo Agostinho, VIII, 48)
A espiritualidade dos Agostinianos
Para o Vigário, a espiritualidade agostiniana, porque descende da experiência pessoal de Santo Agostinho, está marcada especialmente pela conversão contínua. E, nesse caminho permanente de conversão, o carisma agostiniano pode ser resumido em três pilares principais: interioridade ou a busca constante de Deus; vida comunitária marcada pela comunhão de mentes, corações e bens e serviço à Igreja e à humanidade.
Concretamente, o carisma é vivido na experiência da vida conventual ou comunitária, na dedicação à oração, à meditação e ao estudo. Também no serviço aos irmãos e irmãs em diversas frentes apostólicas: paróquias, áreas missionárias, colégios, obras sociais, etc. O diferencial, contudo, é a marca comunitária. Buscar a Deus em comunidade e servir a Deus e aos irmãos em comunidade, a exemplo do santo.
O dia a dia de um Agostiniano
Segundo Frei Eberson, o dia a dia de um Agostiniano varia de acordo com a comunidade onde este frade está inserido. Se a comunidade tem como serviço apostólico uma paróquia, o ritmo do dia será definido, em boa parte, pelo ritmo da pastoral paroquial. Se ele está numa comunidade ligada a um colégio ou escola social, o ritmo se ajusta ao desses espaços.
Há, no entanto, atividades comuns e inegociáveis em todas as comunidades: a oração comunitária, a meditação pessoal (30 minutos de manhã e à noite), os Capítulos Locais mensais (reuniões comunitárias de avaliação e planejamento) e as refeições comuns. O restante do tempo é dedicado ao estudo e ao serviço apostólico de acordo com o contexto de cada comunidade.
Fonte: Canção Nova