Um discurso repleto de apelos contra a guerra e a falta de cuidados com o meio ambiente marcou a participação do Papa Francisco na Clinton Global Initiative. Por vídeo chamada, ele participou do evento que acontece entre os dias 18 e 19 em Nova York, Estados Unidos.
O encontro, organizado pela Fundação Clinton – que tem como presidente o ex-governante americano Bill Clinton –, reflete sobre os desafios globais mais urgentes dos dias atuais, identificando e compartilhando maneiras de implementar uma genuína conversão de estilos de vida. Antes da participação on-line do Pontífice, foi exibido um vídeo com imagens de suas viagens apostólicas e momentos significativos.
Trabalhar juntos
O Santo Padre iniciou seu discurso retomando problemas contemporâneos já citados por Clinton, como as mudanças climáticas, as crises humanitárias e a falta de cuidado com as crianças, e indicando a necessidade de todos trabalharem juntos para curar o mundo da “globalização da indiferença”.
“Nenhum desafio é grande demais se o enfrentarmos a partir da conversão pessoal de cada um de nós, da contribuição pessoal que cada um de nós pode fazer para superá-lo e da consciência do que nos torna parte do mesmo destino. Nenhum desafio pode ser enfrentado sozinho. (…) É por isso que sempre incentivo todas as mulheres e homens de boa vontade, e gostaria de fazê-lo aqui também, a não desistirem diante das dificuldades”, declarou o Papa.
Ele argumentou que essas dificuldades podem trazer à tona o que há de pior em cada pessoa. Neste contexto, voltou-se aos conflitos que assolam o mundo, e falou do desafio de combater o egoísmo. Francisco expressou: “é hora de encontrar a mudança da paz, a mudança da fraternidade. É hora de parar com as armas. É hora de voltar ao diálogo, à diplomacia. É hora de acabar com os desígnios de conquista e de agressão militar. É por isso que repito: não à guerra. Não à guerra”.
“Antes que seja tarde”
O Pontífice também foi empático ao abordar a questão do meio ambiente, a qual chamou de “catástrofe ecológica”. Da mesma forma, ele apontou que esse problema só pode ser resolvido se todos atuarem juntos, e exortou a agirem “antes que seja tarde demais”. “Vamos parar enquanto há tempo, por favor”, pediu.
Voltando-se para a questão dos refugiados, o Pontífice recordou que não são apenas números, mas pessoas reais. “Quando falamos de migração, pensamos nos olhos das crianças que encontramos nos campos de refugiados. É hora de pensar nos mais jovens, nas crianças, em sua educação, em seus cuidados”, frisou.
O “Hospital do Papa”
Diante disso, o Santo Padre falou um pouco sobre o Bambino Gesù Children’s Hospital, “o hospital pediátrico do Papa”. Recentemente constituída como uma Corporação, a organização tem seus projetos financiados exclusivamente através de angariação de fundos.
Aproximando-se do fim de seu discurso, Francisco enfatizou o atendimento a mais de duas mil crianças ucranianas que fugiram de seu país com seus pais e parentes. Ele recomendou que a saúde seja acessível a todos, visto que “não há crianças incuráveis” e frisou a especificidade que caracteriza o trabalho da instituição.
“Ela quer ser um sinal. Um testemunho de como é possível (em meio a tanto esforço) combinar a grande pesquisa científica, voltada para a cura de crianças, e a hospitalidade gratuita para os necessitados. Ciência e hospitalidade: raramente essas duas coisas se encontram em um determinado nível”, finalizou.
Fonte: Canção Nova