Catequese desta quarta-feira, 18, teve como tema: “Jó. A provação da fé, a bênção da espera”
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a velhice na Audiência Geral desta quarta-feira, 18. O tema foi: “Jó. A provação da fé, a bênção da espera”.
O Pontífice começou afirmando que Jó não aceita uma “caricatura” de Deus, mas grita o seu protesto perante o mal, até que Deus responda e revele o seu rosto. “Deus por fim responde, como sempre de um modo surpreendente: mostra a Jó a sua glória, mas sem o esmagar, pelo contrário, com soberana ternura”, frisou.
“Jó que perde tudo na vida, perde a riqueza, perde sua família, perde seu filho e perde a saúde e permanece ali, ferido”, em diálogo com seus amigos, comentou. Quando Deus finalmente toma a palavra, destacou o Santo Padre, Jó é elogiado porque compreendeu o mistério da ternura de Deus escondida por detrás do seu silêncio.
Francisco recordou que Deus repreende os amigos de Jó que presumiam saber tudo sobre Deus e sobre a dor, e, vindos para consolar Jó, acabaram por julgá-lo com os seus esquemas preconcebidos. “Deus nos preserve deste hipócrita e presunçoso pietismo! Que Deus nos preserve da religiosidade moralista e da religiosidade de preceitos que nos dá uma certa presunção e nos leva ao farisaísmo e à hipocrisia”, disse o Papa.
Conversão
Segundo o Pontífice, o ponto de virada da conversão da fé ocorre no ápice do desabafo de Jó. Ele diz: «Eu sei que o meu redentor está vivo e que no fim se levantará acima do pó. Mesmo com a pele aos pedaços e em carne viva, eu verei a Deus. Eu mesmo o verei, e não outro; eu o verei com os meus próprios olhos».
O Santo Padre sublinhou que podemos interpretá-lo assim: “‘Meu Deus, eu sei que você não é o Perseguidor. O meu Deus virá e me fará justiça’. É a fé simples na ressurreição de Deus, a simples fé em Jesus Cristo, a fé simples que o Senhor sempre nos espera e virá”.
Provações
A parábola no livro de Jó, pontua Francisco, representa de forma dramática e exemplar o que na realidade acontece na vida. Ou seja, que sobre uma pessoa, uma família ou um povo recaem provações demasiado pesadas, desproporcionais em relação à pequenez e à fragilidade humanas.
“Na vida frequentemente, como se costuma dizer, ‘chove no molhado’. E algumas pessoas são esmagadas por uma soma de males que parece verdadeiramente excessiva e injusta. Todos nós conhecemos pessoas assim. Ficamos impressionados com o seu grito, mas também muitas vezes nos admiramos com a firmeza da sua fé e amor”, complementou.
O Papa voltou seus pensamentos para os pais de crianças com deficiências graves. “Vocês já pensaram nos pais de crianças com deficiências graves? A vida inteira! Penso também naqueles que vivem com uma enfermidade permanente ou no familiar que está ao lado. Situações muitas vezes agravadas pela escassez de recursos econômicos. Em certos momentos da história, estes acúmulos de fardos parecem que chegam todos juntos. Isto foi o que aconteceu nos últimos anos com a pandemia da covid-19 e o que está acontecendo agora com a guerra na Ucrânia”, frisou.
“Podemos justificar estes ‘excessos’ como uma racionalidade superior da natureza e da história? Podemos abençoá-los religiosamente como uma resposta justificada à culpa das vítimas, que os mereceram? Não podemos. Existe uma espécie de direito da vítima de protestar, diante do mistério do mal, um direito que Deus concede a todos, afinal é Ele próprio que inspira”, disse ainda o Papa.
Expectativa da promessa de Deus
Por fim, o Santo Padre sublinhou que os idosos viram muitas coisas na vida. E também viram a inconsistência das promessas dos homens. “Homens de leis, homens de ciência, também homens de religião, que confundem o perseguidor com a vítima, imputando a esta toda a responsabilidade pela sua dor”.
De acordo com o Pontífice, os idosos que convertem o ressentimento pela perda na tenacidade pela expectativa da promessa de Deus, são uma defesa insubstituível para a comunidade enfrentar o excesso do mal.
Por fim, Francisco convidou a olhar para os idosos com amor e frisou aqueles que aprenderam muito na vida e no final possuem aquela paz, “quase mística, ou seja, a paz do encontro com Deus”, concluiu.
Fonte: Canção Nova