O que tinha de especial o Beato Carlo Acutis? Essa é a pergunta que expôs o Cardeal Agostino Vallini, Legado Pontifício para as basílicas de São Francisco e Santa Maria dos Anjos, na cerimônia de beatificação do jovem italiano, neste sábado, 10 de outubro.
O próprio Cardeal respondeu à pergunta em sua homilia: “Oração e missão, estes são os dois traços distintivos da fé heroica do beato Carlo Acutis, que no transcurso de sua breve vida o levou a encomendar-se ao Senhor, em todas as circunstâncias, especialmente nos momentos mais difíceis”.
Em sua homilia, o Cardeal sublinhou que “hoje nos sentimos especialmente admirados e atraídos pela vida e o testemunho de Carlo Acutis, a quem a Igreja reconhece como modelo e exemplo de vida cristã, propondo-o sobre tudo aos jovens”.
Carlo Acutis “era um jovem normal, singelo, espontâneo, simpático (basta olhar sua fotografia), amava a natureza e os animais, jogava futebol, tinha muitos amigos de sua idade, sentiu-se atraído pelos meios modernos de comunicação social, apaixonado pela informática e autodidata construiu programas para transmitir o Evangelho, comunicar valores e beleza. Tinha o dom de atrair as pessoas e foi percebido como um exemplo”.
Desde pequeno, Carlo Acutis “sentiu a necessidade da fé e tinha seu olhar dirigido para Jesus. O amor à Eucaristia fundamentou e manteve viva sua relação com Deus. Frequentemente dizia ‘A Eucaristia é minha autoestrada para o céu’”.
Destacou que “participava na Santa Missa todos os dias e permanecia durante muito tempo em adoração perante o Santíssimo Sacramento.
“Jesus era para ele Amigo, Mestre, Salvador, era a força de sua vida e o objetivo de tudo o que fazia. Estava convencido de que para amar as pessoas e fazer o bem, era necessário tirar a energia do encontro com o Senhor. Neste espírito era também muito devoto da Virgem. Rezava todo os dias o terço, consagrou-se várias vezes a Maria para renovar seu afeto por ela e implorar seu amparo”.
Com este espírito Carlo “viveu a enfermidade que enfrentou com serenidade e foi conduzido à morte. Carlo se abandonou entre os braços da Providência e sob o olhar materno de Maria repetia: ‘Quero oferecer todos meus sofrimentos ao Senhor pelo Papa e a Igreja. Não quero ir ao purgatório, quero ir direto para o Céu’”.
“Seu ardente desejo era também o de atrair o maior número de pessoas a Jesus, fazendo-se anunciador do Evangelho sobre tudo com o exemplo de vida. Foi precisamente o testemunho de sua fé que o levou a empreender com êxito uma obra de assídua evangelização nos ambientes que frequentava”.
Para comunicar esta necessidade espiritual “utilizou todos os meios, incluídos os modernos meios de comunicação social, que sabia utilizar muito bem, em particular a internet, que considerou um presente de Deus e uma ferramenta importante para encontrar pessoas e difundir os valores cristãos”.
Nesta perspectiva positiva, “animou a utilizar os meios de comunicação como meios ao serviço do Evangelho, para alcançar o maior número possível de pessoas e lhes fazer conhecer a beleza da amizade com o Senhor”.
Para isso “se comprometeu a organizar a exposição dos principais milagres eucarísticos ocorridos no mundo”.
Carlo também mostrou “uma grande caridade com o próximo. Sobretudo, para os pobres, os idosos, as pessoas sós e abandonadas, sem teto, os descapacitados e as pessoas marginadas”.
“Carlo foi sempre acolhedor com os necessitados e quando ia à escola e os encontrava na rua se detinha a falar com eles, escutava seus problemas e, na medida do possível, os ajudava”.
Em resumo, a vida de Carlo foi “uma vida luminosa, portanto, totalmente entregue a outros, como o Pão Eucarístico”.
“Sua vida é um modelo de maneira particular para os jovens, para não encontrar justificações não só nos êxitos efêmeros, a não ser nos valores perenes que Jesus sugere no Evangelho, quer dizer, para pôr a Deus em primeiro lugar nas grandes e pequenas circunstâncias da vida, e para servir os irmãos especialmente os últimos”.
Carlo, concluiu o Cardeal Vallini, “atestou que a fé não nos afasta da vida, mas nos imerge profundamente nela, indicando-nos o caminho concreto para viver a alegria do Evangelho. Depende de nós segui-Lo, atraídos pela fascinante experiência de Carlo para que nossa vida possa brilhar de luz e esperança”.
Fonte: acidigital