Em homenagem aos 400 anos do nascimento do filósofo e matemático francês Blaise Pascal, a Biblioteca Vaticana fez uma exposição exclusiva para a imprensa internacional de algumas de suas obras mais destacadas.
Pascal, nascido em 19 de junho de 1623 em Clermond-Ferrand e morto em 19 de agosto de 1662 em Paris, deixou um legado intelectual e filosófico que continua dos mais relevantes.
A Biblioteca Apostólica Vaticana apresentou na segunda-feira (19), algumas obras fundamentais e em versões antigas do pensador, como um exemplar da primeira edição dos “Pensamentos” e das “Cartas provinciais”, acompanhadas de uma versão posterior em latim. Foi também exposto um retrato gravado, incluído num volume com uma galeria de retratos de personalidades da época.
O padre Mauro Mantovani, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, falou da contribuição da instituição no aniversário de Pascal e destacou a peculiaridade do exemplar de “Pensamentos”, que é um livro de bolso, algo inédito para a época. O livro é uma edição póstuma das anotações para uma defesa do cristianismo que Pascal pretendia escrever, mas não viveu para terminar.
Também foi apresentada uma encadernação de couro finamente decorada em ouro da obra, proveniente do tesouro de livros da família Chigi, da aristocracia romana.
Pierre Chambert Protat, curador da exposição para a Biblioteca Vaticana, disse que a cópia das “Cartas provinciais” é o resultado de uma coleção de 18 cartas que apareceram pela primeira vez na forma de ‘folhetos’, a serem distribuídos de mão em mão entre o povo, quase como se fossem precursores dos panfletos.
“As Cartas provinciais testemunham o interesse das posições de Pascal sobre o papel da graça e do livre arbítrio, que foram posteriormente traduzidas pelos jansenistas para o latim para que pudessem ser difundidas em toda a Europa”, disse ele.
O Papa Francisco escreveu a carta apostólica Sublimitas et miseria hominis (Grandeza e miséria do homem), na qual elogia o pensador francês como incansável buscador da verdade e exemplo de defensor da fé cristã.
A carta também menciona a relação de Pascal com o jansenismo, uma controvérsia teológica que colocou os jesuítas contra os seguidores das ideias de Cornelius Jansen.
Pascal defendeu os jansenistas por meio de uma série de cartas conhecidas como “Provinciais”. O Papa reconhece a sinceridade e a franqueza de Pascal na luta contra o que considerava uma forma de pelagianismo ou semipelagianismo, doutrina segundo a qual a salvação depende do esforço humano e negligencia a graça.
O Papa Francisco fala da relevância atual da posição de Pascal sobre a graça divina e adverte contra o neopelagianismo.
Fonte: ACI Digital