Na última terça-feira, 4, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé afirmou que viagem de Francisco ao Líbano era “uma hipótese em consideração”
Reunidos na sede patriarcal de Bkerké na manhã desta quarta-feira, 6, os bispos maronitas expressaram sua alegria pela notícia de uma possível visita do Papa Francisco ao Líbano no próximo mês de junho. Os prelados pedem a bênção de Deus e desejam: “Que cumpram todos os desejos do Papa Francisco para o bem do Líbano e de todos os libaneses”.
A notícia da possível visita papal ao Líbano foi transmitida via twitter na terça-feira, 5, pelo escritório do presidente libanês Michel Aoun. “Os libaneses – sublinhou o Chefe de Estado no comunicado divulgado pelo Palácio Presidencial – aguardam há algum tempo esta visita para expressar a sua gratidão pela atenção de Sua Santidade ao Líbano, para lhe agradecer as iniciativas que tem empreendido pelo país e pelas orações que ofereceu por sua paz e estabilidade”.
Na noite da mesma terça-feira, 5, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, respondendo a alguns jornalistas sobre uma possível viagem do Papa ao Líbano, informou que essa eventualidade era “uma hipótese em consideração”.
Líbano: crise econômica e social
O Líbano vive uma fase de crise econômica e social com efeitos desastrosos na vida cotidiana do povo libanês, que lembram a muitos o sofrimento coletivo vivido nos anos atrozes da guerra civil.
O cenário político libanês torna-se ainda mais incerto e fibrilante com a aproximação das eleições parlamentares. Elas estão marcadas para o próximo dia 15 de maio.
No comunicado divulgado na quarta-feira após o encontro guiado pelo patriarca Béchara Boutros Raï, os bispos maronitas também recordam a urgência de escolher representantes adequados e competentes para enviar ao Parlamento. O desejo é que estas autoridades sejam capazes de confirmar e implementar o plano de revitalização econômica e reformas necessárias para o país.
Visita de Aoun ao Papa
As eleições para o novo Chefe de Estado também devem ocorrer em outubro no Líbano. Michel Aoun, que se prepara para concluir seu mandato presidencial, foi recebido pelo Papa Francisco no Vaticano em 22 de março.
O Pontífice reiterou sua intenção de ir ao Líbano várias vezes nos últimos tempos. No passado dia 4 de agosto, um ano depois da desastrosa explosão que devastou o porto de Beirute, o Santo Padre, no final da Audiência Geral dedicada aos libaneses, repetiu que “o meu desejo de ir visitar-vos é grande e nunca me canso de rezar por vós, para que o Líbano se torne novamente uma mensagem de fraternidade, uma mensagem de paz para todo o Médio Oriente.”
Apesar da grave crise sistêmica pela qual o país passou, a convivência entre as 18 confissões religiosas que compõem o mosaico libanês não foi seriamente contagiada pelos conflitos sectários que dilaceraram a vizinha Síria e outros países do Oriente Médio como o Iraque na última década.
A convivência diária entre os diferentes componentes cristãos e muçulmanos da sociedade libanesa permanece sempre em risco, mas a trágica memória dos anos da guerra civil – que também viu cristãos matando outros cristãos, e muçulmanos matando outros muçulmanos – parece ter semeado nas almas de muitos anticorpos poderosos que resistem à pressão daqueles que gostariam de reduzir as diferentes identidades confessionais a bandeiras ideológicas de frentes de luta pelo poder.
Agora, a identidade plural libanesa pode encontrar novas ideias de inspiração nos caminhos da fraternidade também sugeridos pelo Papa Francisco com o Documento de Abu Dhabi, com a viagem ao Iraque e o encontro com o aiatolá Ali al Sistani e com a encíclica “Fratelli Tutti”.
Fonte: Canção Nova