“Nós queremos ser solidários, são filhos e filhas de Deus, são pessoas que vivem em regiões distantes”, afirmou o cardeal durante a visita.
O cardeal e arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo Steiner, foi a Boa Vista (RR) para demonstrar, em nome do Papa Francisco e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), solidariedade aos yanomamis diante da crise humanitária que esse povo indígena vem sofrendo.
O cardeal afirmou que o objetivo da visita foi “se encontrar com lideranças indígenas para um diálogo, para uma escuta, para assim podermos como Igreja ainda estarmos mais presentes”.
Durante a viagem, Dom Steiner também afirmou: “os motivos todos nós já sabemos, o porquê da desnutrição, mas em diálogo agora com algumas lideranças, nós percebemos que existem diversos elementos onde nós podemos dar a nossa contribuição, ajudar”.
Ele ainda reiterou: “nós queremos ser solidários, são filhos e filhas de Deus, são pessoas que vivem em regiões distantes, que são povos desassistidos pelo governo nos últimos anos e nós sabemos que a dificuldade que estamos a ver não é nova”.
A ação da Igreja
Na visita a Roraima, o cardeal Steiner destacou o trabalho da Igreja junto aos povos indígenas nos últimos anos, sobretudo através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que “durante muito tempo tem denunciado, tem falado, tem publicado inclusive relatórios e nós queremos, neste momento, mostrar a nossa proximidade, nossa solidariedade e vermos com os governos o que podemos fazer para que esses povos possam continuar a viver, mas possam especialmente viver e viver bem”.
Dom Leonardo colocou as lideranças indígenas a par do apoio do Papa Francisco, a quem enviará um relatório de sua visita. As lideranças, por sua vez, reconheceram o apoio histórico da Igreja Católica aos povos indígenas.
Segundo as organizações indígenas, boa parte do povo yanomami está morto espiritualmente por causa da destruição da floresta, dos assassinatos e ataques de todo tipo que sofrem, além de humilhações, estupros, roubo de crianças e suicídios. De acordo com os indígenas, tudo isso é consequência do garimpo, que levou 120 comunidades yanomamis a uma situação de grave calamidade.
Recentemente, a CNBB enviou R$ 350.000,00 para ajuda humanitária e emergencial ao povo yanomami. Os recursos serão administrados pela diocese de Roraima (RR) e destinam-se adquirir itens de alimentação, remédios e vestuário, além de custear o deslocamento e transporte aéreo e terrestre dos doentes.
A crise Yanomami
Em janeiro de 2023, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território yanomami e enfrentam casos de desnutrição severa, malária e infecção respiratória.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças do povo yanomami morreram em 2022 por desnutrição, pneumonia e diarreia. Para a pasta, as mortes aconteceram em decorrência do garimpo ilegal.
O ministério também informou a morte de 570 crianças pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, mas não disse em que período os óbitos aconteceram.
Dados do governo confirmam 11.530 casos de malária em 2022 no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Fonte: Aleteia