A Igreja ganhará 19 Beatos e sete Veneráveis, dentre os quais um brasileiro. O decreto do Dicastério para as Causas dos Santos foi promulgado nesta quinta-feira, 14, após o prefeito do Dicastério, Cardeal Marcello Semeraro, se reunir com o Papa Francisco.
Entre os nomes presentes no texto está o do Servo de Deus Libério Rodrigues Moreira, sacerdote brasileiro que teve suas virtudes heroicas reconhecidas. Com isso, ele recebe o título de Venerável, avançando mais uma etapa para uma possível beatificação no futuro.
Além do padre Libério, também tiveram suas virtudes heroicas reconhecidas os Servos de Deus Geervaghese Thomas Panickaruveetil (Índia), Antonio Tomičić (Croácia), Maria Maddalena Frescobaldi Capponi (Itália), Maria Alfonsa Hawthorne (Estados Unidos), Elisabetta Jacobucci (Itália) e Angelina Pirini (Itália).
O decreto reconhece também os milagres atribuídos aos Veneráveis Stefano Douayhy (Líbano), Giuseppe Torres Padilla (Espanha) e Camillo Costa de Beauregard (França), e o martírio de Max Josef Metzger (Alemanha), morto em 1944 por nazistas, e Christophora Klomfass e 14 companheiras da Congregação das Irmãs de Santa Catarina Virgem e Mártir, mortas pelo regime comunista soviético em 1945.
Sobre o padre Libério Rodrigues Moreira
Libério Rodrigues Moreira nasceu no dia 30 de junho de 1884, em Lagoa Santa (MG), filho de Joaquim Rodrigues de Castro e Francisca Moreira da Costa. Foi batizado na Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Lagoa Santa (então pertencente à Arquidiocese de Mariana), no dia 17 de julho de 1884, pelo padre Odorico Antônio Dolabella.
Passou sua infância em Lagoa Santa, onde frequentou a Escola do Mestre Raimundo Nonato Corrêa. O biógrafo Márcio Mendonça Meireles atesta que a família de Libério era muito pobre e humilde e residia numa casa de chão batido, na antiga Rua do Rosário, em um dos bairros da periferia da cidade de Lagoa Santa.
Por volta dos 7 anos de idade, ficou órfão de pai. A infância de Libério foi triste e cheia de dificuldades. Ainda jovem, exerceu o ofício de carreiro em diversas fazendas nos arredores de Lagoa Santa. Terminado o curso escolar, passou a exercer toda espécie de ofício. Qualquer um lhe servia desde que lhe rendesse certa quantia para ajudar na manutenção da casa.
Chamado ao sacerdócio
Em 1902, aos 18 anos de idade, Libério mudou-se então para Mateus Leme, onde trabalhou como servente de pedreiro e depois como pedreiro meia-colher. Nas horas disponíveis, Libério servia seu primo, padre Joaquim Paulo Vieira, como sacristão. Foi então nesta época que sentiu um forte chamado ao sacerdócio, pressentindo que sua vocação era a mesma do primo, e manifestou o desejo de ir para o seminário. Contudo, não dispunha de recursos financeiros para custear seus estudos.
O padre Joaquim Paulo se dispôs a pagar os estudos, e além do mais, ganhou uma bolsa de estudos da Arquidiocese de Mariana (MG), no início de 1906. Aos 22 anos de idade, Libério seguiu para a cidade de Mariana, onde ingressou no seminário para cursar os estudos necessários para a ordenação. Em sua turma, era o mais velho e também o mais pobre e humilde, mas logo conquistou a simpatia dos colegas, que lhe emprestavam os livros para que estudasse.
Após 10 anos cursando humanidades e as matérias do curso eclesiástico, isto é, filosofia e teologia, Libério recebeu a tonsura no dia 7 de março de 1913, as ordens menores no dia 28 de março de 1914, o subdiaconato em 20 de março de 1915 e o diaconato no dia 6 de abril de 1915. Por fim, aos 32 anos de idade, no dia 25 de abril de 1916, na Capela do Seminário em Mariana, recebeu a ordem presbiteral pela imposição das mãos de Dom Silvério Gomes Pimenta.
Trajetória como pároco
Em 1923, padre Libério foi transferido para a cidade de Pequi (MG), onde foi nomeado pároco pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Antônio dos Santos Cabral. Em 1932, foi enviado para a cidade de São José da Varginha (MG), e em 1939, para Nova Serrana (MG), então Cercado de Pitangui, onde permaneceu até 1945.
Mais uma vez transferido, padre Libério foi nomeado pároco da Paróquia São Sebastião, de Leandro Ferreira (MG), onde ficou até 1965. Neste período, construiu a nova e suntuosa matriz da localidade, onde fez notar mais ainda sua atuação pastoral.
Em 1965, com 81 anos, por iniciativa de Dom Cristiano Portela de Araújo Pena, bispo de Divinópolis (MG), padre Libério foi transferido para a cidade de Pará de Minas (MG), onde passou 15 anos, sem encargo paroquial, pois suas condições de saúde não mais lhe permitiam estar à frente de uma paróquia. Em 1966, celebrou o Jubileu de Ouro de sua ordenação sacerdotal. Nesta ocasião, recebeu o título de cidadão honorário de Pará de Minas.
Últimos dias de vida
No dia 17 de julho de 1980, com 96 anos, padre Libério mudou-se para a cidade de Divinópolis (MG), onde passou os últimos dias de sua vida, residindo com os pobres na Vila Vicentina. Faleceu no Hospital São João de Deus, no dia 21 de dezembro de 1980. Seu corpo foi velado em Divinópolis, trasladado para a Catedral, onde foi celebrada a Santa Missa de corpo presente, presidida por Dom José Costa Campos, ladeado por diversos sacerdotes. Logo depois, seu corpo foi levado para Leandro Ferreira.
Sobre a causa de beatificação
No dia 30 de julho de 2012, no Salão São Jerônimo, no subsolo do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Pará de Minas, foi celebrada a abertura do Processo Diocesano sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade do Servo de Deus. No dia 12 de março de 2016, fez-se o reconhecimento dos restos mortais do padre Libério, depois transportados solenemente para a Igreja Matriz da Paróquia de São Sebastião, em Leandro Ferreira.
No dia 13 de novembro de 2016, na Catedral do Divino Espírito Santo, em Divinópolis, foi celebrada a sessão de fechamento do Inquérito Diocesano sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade do Servo de Deus.
Fonte: Canção Nova