Já custódio do Sagrado Convento de Assis, Gambetti substitui o cardeal Comastri por causa do limite de idade, inclusive assumindo como arcipreste da Basílica do Vaticano e presidente da Fábrica de São Pedro
O estilo mariano e aquele da “lavagem dos pés”. A alternância no Vaticano entre o cardeal Angelo Comastri, de 77 anos, e o cardeal Mauro Gambetti, de 55, é também a sucessão de uma experiência espiritual entre dois homens profundamente marcados por seus respectivos percursos sacerdotais e pastorais. No dia formal de despedida, não se pode deixar de lembrar o cardeal Comastri, entre muitas outras coisas, a recordação de quando rezou o terço na Basílica de São Pedro e era seguido por milhares de fiéis, com uma a percepção quase física de uma devoção que invoca de Nossa Senhora uma esperança mais forte que o “mar tempestuoso da pandemia“.
No momento da sua chegada como vigário do Papa para a Cidade do Vaticano, o que precede o cardeal Mauro Gambetti é o desejo declarado, no momento do último Consistório, de viver “com espírito de minoria”, ou seja, de fraternidade, a serviço de Francisco — o Pontífice que leva o nome do Santo que desde o início inspirou e orientou a vida de “Frei Mauro” a ponto de levá-lo à custódia da Basílica de Assis.
As novas funções do cardeal Mauro Gambetti
O cardeal que está assumindo, entre outros, o papel de presidente da Fábrica de São Pedro também é formado em Engenharia Mecânica em Bolonha. O caminho para o hábito dos Menores Conventuais começou aos 27 anos, professando em 1998. Em 2000, entrou no sacerdócio, uma década de serviço em vários cargos, até que, em 2009, Frei Mauro foi eleito Ministro Provincial para a área de Emilia Romagna, na Itália, seguido, em fevereiro de 2013, a sua nomeação como custódio geral do Sagrado Convento de Assis. No final do primeiro mandato de quatro anos, em 2017, ele foi confirmado para um segundo mandato, que termina em 31 de outubro de 2020. Seis dias antes, no Angelus de 25 de outubro, Frei Mauro soube da decisão do Papa de criá-lo cardeal, que ocorreu no Consistório de 28 de novembro, evento precedido em 22 de novembro pela consagração episcopal.
O legado de Comastri
A herança que o cardeal Comastri deixa está nos 15 anos de ministério à frente da “paróquia do mundo”, a Basílica de São Pedro, para a qual transferiu — chamado como seu vigário no Vaticano por João Paulo II em 2005 — toda a experiência que viveu desde 96 como arcebispo prelado do Santuário de Loreto. Da casa de Nazaré à do Papa, para preparar as multidões de visitantes, como disse em uma antiga entrevista, a se sentir mais pessoas de fé do que simples turistas. Uma tarefa que, com o análogo background adquirido na Basílica de Assis, passa agora para as mãos do cardeal Gambetti.
Fonte: Canção Nova