Santa Zélia e São Luís Martin são celebrados pela Igreja neste 12 de julho; casais testemunham como se inspiram neles para viver a santidade na vida familiar.
Segundo os ensinamentos da Igreja Católica, a família é uma escola de virtude e de santidade para todos. É possível encontrar essa realidade no testemunho de vida de Maria Zélia e Luís Martin.
“Os santos esposos (…) viveram o serviço cristão na família, construindo, dia após dia, um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus. ” Essas foram as palavras do Papa Francisco, em 18 de outubro de 2015, durante a Missa canonização dos santos, celebrados neste 12 de julho.
A missionária da Comunidade Católica Shalom, Viviane Lopes de Meira Barros, afirma que a santidade é sinônimo de felicidade já aqui nesta vida e na eterna. Ela ressalta que a família só é feliz se for santa, por isso é tão importante buscar a santidade em família, porque é o plano de Deus para todas as famílias.
“Padre Jonas nos ensinou que nossa espiritualidade é do trabalho santificado, e a oração ao ritmo da vida, e é assim que eu busco viver em casa com as minhas filhas e com meu esposo, enquanto vou lavando a louça, limpando a casa… Vamos rezando o terço ou orando em línguas, ou seja, tudo isso vai santificando a minha casa e a minha família”, afirma a missionária da Comunidade Canção Nova, casada há 17 anos, Benedita Vaz de Carvalho Fioramonte.
Para os também missionários Lucas Toledo Santos e Ana Carolina de Toledo Santos, 12 anos de matrimônio, a santidade em família também é uma busca pela salvação das almas, pois se sabe que a vida nesta terra é temporária e todos precisam buscar a vida eterna no céu. “Buscamos viver a santidade em família, primeiramente no amor recíproco, pelo cuidado uns com os outros, no tipo de conversa que temos, na música que ouvimos, naquilo que assistimos, no cumprimento dos nossos deveres e na prática da vida de oração: Missa, terço mariano, leitura da Palavra de Deus”, ressalta.
Devoção aos santos esposos
“Conheci a devoção a Santa Zélia e São Luís Martin num Simpósio para as famílias, realizado pela Comunidade à qual sou consagrada: Comunidade Católica Shalom. Neste evento, estavam presentes as relíquias de Primeiro Grau de São Luís e Santa Zélia. Após o evento, busquei mais informações sobre a vida deles e encontrei um livro do Padre Joseh Stefano Piath, onde ele retrata, com muita beleza, a vida da família Martin. Eu me apaixonei pela história deles! Busco rezar e meditar com a vida deles”, afirma Viviane Lopes.
Já Lucas e Ana Carolina relatam que conheceram Santa Zélia e São Luiz a partir da notícia da canonização do casal. “O que me chama mais a atenção no casal é o desejo de fazer a vontade de Deus em suas vidas, por isso eles se abriram ao casamento e a terem muitos filhos, apesar de terem buscado destinos diferentes para servir a Deus”, ressalta o Lucas.
“Em família vivemos a devoção a São Luiz e Santa Zélia com as orações próprias e a novena dedicada ao casal. Inclusive, rezamos muito durante a gestação de uma de nossas filhas, pois havíamos passado por uma perda gestacional e demos o nome a ela de Celina, como é o nome de uma das filhas do casal, e o significado desse nome é ‘filha do céu’”, enfatiza Ana Carolina.
A intercessão de Santa Zélia e São Luís
Outro devoto é Jerson Gonçalves dos Santos, de Salto Grande (SP). Casado com Maira Estevão da Costa Gonçalves, eles são da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio e participam da Comunidade Sagrada Família, onde realizam um trabalho de Evangelização com a Relíquia de Santa Zélia e São Luís. O casal conheceu a devoção aos santos durante o tratamento de um câncer, cuja cura eles atribuem à intercessão de Santa Zélia e São Luís.
Durante o tratamento, em um dia que Jerson teria alta do hospital, sua esposa ligou a televisão na Canção Nova. No momento, passava um conteúdo sobre o processo de beatificação de Santa Zélia e São Luís e foi então que Maria Estevão pediu um sinal para Deus com relação à cura do seu esposo. Recebendo alta, eles foram rezar na capela do hospital, e então uma mulher entrou na capela, colocou a mão em seu ombro e disse: ‘Deus mandou falar para você que vai dar tudo certo’.
A partir daí o casal buscou conhecer mais sobre Santa Zélia e São Luís, até que foram convidados a participar de um retiro de casais na cidade de Assis. Ali existe uma das células da comunidade que tem o carisma de Santa Zélia e São Luís. Jerson e a esposa entraram para esta comunidade e, até hoje, procuram conhecer mais sobre os santos. “A nossa missão enquanto casal é resgatar as famílias. Nesta evangelização, levo o testemunho de Santa Zélia e São Luís”, ressalta Jerson.
“Na nossa vida como casal, Santa Zélia e São Luís têm uma grande influência, pois, como eles, na simplicidade do dia a dia, eram testemunhas da fé, é assim que buscamos ser na simplicidade do dia a dia, colocando Deus sempre em primeiro lugar na nossa vida, nas nossas decisões, sejam elas coisas boas ou ruins que a vida traz; em todas elas procuramos encarar com os olhos da Sagrada Família e espelhados no testemunho de Santa Zélia e São Luís”, enfatiza Maira Estevão.
Evangelização das famílias pela Pastoral Familiar
Na Igreja Católica, a Pastoral Familiar se dedica a ajudar as famílias a viverem a santidade. O casal coordenador em nível nacional, Alisson Roberto Schila e Solange Inês Gregory Schila, explica que se trata de uma ação pastoral realizada principalmente nas paróquias, “família de famílias”, por agentes que buscam apoiar a família a partir da realidade em que se encontra.
A proposta é que a família possa existir e viver dignamente, estabelecer relacionamentos e formar as novas gerações conforme o plano de Deus. O trabalho abrange todas as famílias, com o propósito de promover a inclusão e resgatar os valores e a dignidade de cada pessoa.
Para Solange Inês, o processo de evangelização das famílias colabora diretamente com as metas da Pastoral Familiar: fazer da família uma comunidade cristã; fazer com que a família seja santuário da vida; resgatar para a família seu justo valor de célula primeira e vital da sociedade; tornar a família missionária e Igreja doméstica.
História dos santos esposos
Durante sua juventude e antes de conhecer Luís, Maria Zélia queria se dedicar à vida religiosa no mosteiro das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Luís Martin sentia o mesmo desejo de dedicar sua vida a Deus e foi para o mosteiro do Grande São Bernardo. Nenhum dos dois foi aceito, uma vez que Deus tinha outro plano para eles.
Os jovens se conheceram, e o entendimento foi tão rápido, que se casaram em 13 de julho de 1858, apenas três meses após seu primeiro encontro. Levaram uma vida matrimonial exemplar: missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente, participação na vida paroquial. De sua união, nasceram nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente.
Entre as cinco filhas que sobreviveram, estava aquela que se tornaria Santa Teresinha, padroeira das missões. Ela é uma fonte preciosa para a compreensão da santidade de seus pais: educavam suas filhas para serem boas cristãs e cidadãs honestas.
Quando Zélia morreu, em 1877, Luís viu-se sozinho para seguir adiante com sua família e suas filhas pequenas. Mudou-se para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia.
Entre 1882 e 1887, Luís acompanhou três de suas filhas para o Carmelo. O maior sacrifício foi se separar de Teresa, que entrou no Carmelo aos 15 anos, e iniciaria seu caminho para a santidade. Luís Martin faleceu em Arnières-sur-Iton (França) em 1894.
Zélia e Luís foram o primeiro casal a serem canonizados juntos em uma mesma cerimônia na história da Igreja. A cerimônia foi presidida pelo Papa Francisco em 18 de outubro de 2015.
Fonte: Canção Nova