Igreja no Brasil se posiciona depois de mais de 200 pessoas serem resgatadas após denúncias de trabalho escravo em vinícolas no Rio Grande do Sul.
No último dia 22 de fevereiro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou 208 trabalhadores de um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul e informou que “eram submetidos a condições degradantes e trabalho análogo à escravidão” durante a colheita da uva.
O grupo de fiscalização do Ministério do Trabalho e Previdência em Caxias do Sul (RS) descobriu que os funcionários viviam aglomerados no local, sem segurança e higiene, e vinham sofrendo ameaças dos empregadores, inclusive agressões com uso de choques elétricos e spray de pimenta.
A maioria dos operários era do estado da Bahia, que prestavam serviço para empresas terceirizadas que contratavam esta mão de obra para vinícolas da região.
O auditor fiscal do Trabalho, Vanius João de Araújo Corte, falou das péssimas condições que os funcionários estavam passando:
“Como foram recrutados na Bahia, já vieram na viagem para o local de trabalho com dívidas de alimentação e transporte. Fora isso, todo o consumo deles no alojamento era anotado num caderno do mercado local, que vendia os produtos a preços extorsivos. Além disso, eles relataram que iniciavam o trabalho às quatro da manhã e iam até as oito ou nove horas da noite, numa jornada extremamente exaustiva”, disse.
CNBB se posiciona sobre vinho das celebrações e o trabalho escravo
Na última terça-feira (28), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota a respeito do cuidado pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas.
De acordo com o Código de Direito Canônico, “o vinho deve ser natural, do fruto da uva e não deteriorado” (can. 924,3), e a Instrução Redemptionis Sacramentum, a partir desse cânon, orienta que “tenha-se diligente cuidado de que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de que se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos”.
A nota, assinada pelo secretário-geral da entidade, Dom Joel Portella Amado, informa que no Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico e pede que “se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção”.
A CNBB também expressa que trabalhos que ferem o respeito pela dignidade humana não podem ser aprovados e que “todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei”.
Leia a nota na íntegra:
VINHO CANÔNICO
“Quem ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4,21)
Brasília, 28 de fevereiro de 2023
A Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas. A CNBB, por meio da Comissão Episcopal para a Liturgia, promoveu encontros com cerca de 15 vinícolas a respeito das caraterísticas de tal vinho.
Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado. Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei.
No Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico. Desse modo, é recomendável que se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção.
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: A12