Próximo ao Dia Mundial dos Migrantes, a ICMC hospeda um ‘webinário’ para verificar como a migração forçada afeta as famílias
Há 106 anos, a Igreja celebra o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
Este ano, o Papa Francisco escolheu o tema “Forçados como Jesus Cristo a fugir”. Em sua mensagem, o Sucessor de Pedro destaca as muitas pessoas, incluindo famílias que estão internamente deslocadas. “Somos chamados a responder a este desafio pastoral com os quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar”, explicou o Santo Padre.
Como parte da celebração deste Dia Mundial, a Comissão Católica Internacional para as Migrações (ICMC) realizará nesta sexta-feira, 25, um ‘webnário’ que incluirá especialistas da Jordânia, Índia e Burkina Faso que compartilharão suas experiências acerca do tema.
“Neste ‘webinário’, queremos envolver pessoas que conhecem o ICMC e nos apoiam para ajudá-los a realizar a missão mais ampla da Igreja de receber, proteger e promover e integrar refugiados e migrantes e pessoas deslocadas”, disse Monsenhor Robert Vitillo, Secretário-Geral da ICMC e moderador do evento.
Famílias em movimento
O foco deste ‘webinário’ será nas famílias em movimento porque, de acordo com Monsenhor Vitillo, “embora muitas pessoas sejam forçadas a fugir sozinhas, muitas vêm com toda a família, trabalhei com refugiados e migrantes e pessoas deslocadas por muitos anos e nenhum deles deixou de mencionar suas famílias”.
Diariamente, milhares de famílias são obrigadas a abandonar suas casas. De acordo com o ICMC, “no final de 2019, 79,5 milhões de pessoas foram deslocadas à força em todo o mundo como resultado de perseguição, conflito, violência ou violações dos direitos humanos”.
Estima-se que haja cerca de 35 mil refugiados que se enquadram na definição de refugiado da Convenção de Genebra e têm direito a proteção internacional especial.
No entanto, Monsenhor Vitillo lembra “vocês têm outros 45 milhões de apátridas ou deslocados internos que o Papa nos pede que lembremos de maneira especial neste Dia Mundial do Migrante e do Refugiado”.
O Secretário-Geral descreve essas pessoas como “especialmente vulneráveis” porque não cruzaram uma fronteira internacional e, portanto, tecnicamente, seus próprios governos deveriam protegê-las. “Mas muitas vezes eles estão sendo perseguidos por esses mesmos governos”, lamenta.
Covid-19 e migração
O ano de 2020 tem sido um ano incomum, já que os países tentam lidar com a pandemia Covid-19, que resultou na implementação de restrições em uma tentativa de deter a propagação da doença. Mas, àqueles que vivem em campos de refugiados restritos, as medidas de distanciamento social são quase impossíveis de aderir.
Além disso, os migrantes nem sempre têm acesso a boas informações factuais sobre as medidas preventivas a tomar para impedir a propagação do vírus.
Monsenhor Vitillo observa que há “mais pessoas deslocadas à força do que jamais tivemos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também há aquela situação adicional que todos nós enfrentamos por causa do Covid-19, especialmente para os migrantes e os refugiados e as pessoas deslocadas”.
Ele continua dizendo que em alguns dos campos no Líbano e na Turquia as famílias têm menos espaço do que se encontraria em um estacionamento, o que torna o distanciamento social virtualmente impossível. Essas pessoas, diz ele, não têm a opção de trabalhar em casa com um computador.
O Secretário-Geral da ICMC aponta ainda que “muitas vezes eles ajudaram nossa sociedade enquanto todos os outros se abrigam”. O religioso acrescenta que muitos refugiados e migrantes são eles próprios profissioansi da saúde, “então, estiveram na linha de frente cuidando de outras pessoas e, portanto, sendo eles próprios mais vulneráveis”.
Fonte: acidigital