A pandemia da Covid-19 não permitirá que os tradicionais tapetes e procissão sejam realizados
Com a aproximação de uma das festas mais tradicionais da Igreja Católica, muitos me perguntam: como celebrar Corpus Christi em tempos de pandemia? Primeiramente precisamos conhecer a celebração.
A ideia de lançar no calendário litúrgico esta festa, originou-se a partir das visões de uma Irmã Agostiniana chamada Juliana de Mont Cornillon, nascida em Liége, na Bélgica. Ela desde os 17 anos começou a ter visões, nas quais Jesus pedia uma festa anual para agradecer o Sacramento da Eucaristia. Aos 38 anos, Irmã, Juliana confidenciou esse segredo ao Cônego Tiago Pantaleão, que 31 anos mais tarde, foi eleito papa e adotou o nome de Urbano IV. Três anos antes de sua morte o Papa Urbano IV, escreve a Bula “Tansiturus” de 11 de agosto de 1264, instituindo mundial a Festa de Corpus Christi, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, devido a morte do Papa, logo a seguir, mesmo assim algumas igrejas adotaram a festa como a diocese de Colônia, na Alemanha.
Corpus Christi tomou seu caráter universal definitivo 50 anos depois, quando o Papa Clemente confirmou a bula de Urbano IV nas Constituições Clementinas do Corpus Júris, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial. No século XI, começaram a surgir dúvidas sobre a presença real de Cristo na hóstia consagrada e o povo cristão reagiu multiplicando as formas de devoção e adoração da hóstia. As devoções eram muito centralizadas nas relíquias dos santos, para atrair a devoção para a pessoa de Jesus a Igreja favoreceu-se desta festa. Assim, os ostensórios com a hóstia consagrada, substituíram os relicários e foram apresentadas ao povo para adoração considerada como uma “relíquia” de Jesus. Os relicários foram substituídos pelas custódias ou ostensórios, que mostravam ao povo a hóstia consagrada.
Por que em uma quinta-feira?
Foi escolhida a quinta-feira para sempre celebrar o Corpus Christi, porque a Eucaristia foi celerada pela 1ª vez na quinta-feira Santa, véspera da Sexta-Feira da Paixão, a morte na cruz impede uma festa solene nestas datas.
Corpus Christi no Brasil
A Festa veio para o Brasil com os colonizadores portugueses. Em uma carta de 9 de agosto de 1549, o padre Manuel da Nóbrega escreveu: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”. (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
Tradicionalmente, o que vemos pelo Brasil todo, são lindos tapetes feitos a mão e que normalmente utilizam serragem e sal coloridos, mas nos últimos anos as comunidades e pastorais, vêm trazendo inovações para os desenhos e utilizando também: borra de café, areia, flores, farinhas, etc.
A passagem pelo tapete tem um significado especial. O ostensório, que armazena o Corpo de Cristo na hóstia, é carregado pelo sacerdote por essas ruas enfeitadas, e os fiéis só podem pisar nesses desenhos após a passagem do padre. É uma representação de que Jesus anda por ali e é recebido com um belo tapete pelas ruas da cidade.
Como devemos celebrar Corpus Christi em tempos de pandemia?
A pandemia da Covid-19 não permitirá que os tradicionais tapetes e procissão sejam realizados, pois, a maioria das Igrejas estão com Missas privadas, sem a presença do público.
Podemos participar das celebrações através dos meios de comunicação e mídias digitais, acompanhando as Missas e Adoração ao Santíssimo. Mas, também podemos participar com atos de caridade, doando alimentos não perecíveis e roupas para ajudar quem mais precisa.
No Santuário Nossa Senhora de Guadalupe e Jesus das Santas Chagas, onde sou pároco reitor, realizaremos o “Tapete Solidário”. O tapete será montado com doações de alimentos, cobertores e agasalhos. Todas as doações serão destinadas as entidades e famílias atendidas pela Responsabilidade Social do Santuário. Além disso, toda a festividade será transmitida pela TV Evangelizar, Rádio Evangelizar e plataformas digitais.
Padre Reginaldo Manzotti
Fonte: Aleteia