Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes
Depois de um ano cheio de incertezas, chegamos em 2021 com a esperança de reescrevermos nossa história. Tenho certeza que um ano repleto de fé, saúde, solidariedade e amor foi o desejo de milhares de pessoas durante a virada do ano. Mas, gostaria de lembrar que para que esse ano seja melhor que o último precisamos priorizar o que é essencial: a paz.
A paz não é apenas ausência de guerras. Claro que precisamos de paz nas ruas, entre as nações. Todos os dias, nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito. Aliás, violência de todo tipo. A vida humana não está valendo mais nada. Mas nesta primeira mensagem do ano refiro-me especialmente à paz interior.
A verdadeira paz
A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o “Príncipe da Paz”. Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.
Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado. Mas Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós. Em Jesus, assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado. E, porque Jesus veio a nós a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).
Os inimigos da paz
O medo é um dos inimigos da paz. O medo nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando. A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz, Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo. Por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.
Além disso, a mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas ruins à luz da verdade, ela se esconde. Por isso, quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado não quer a luz. Pelo contrário: prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.
Construção diária
Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas, o mal também irradia. Porém, a paz, além de ser um dom de Deus, é uma construção diária que depende muito de nós. Depende de nossas atitudes, de sermos capazes de nos reconciliar, nos acolher, nos perdoar e libertar-nos das mágoas e ressentimentos.
A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz”(Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A verdadeira paz já nos foi concedida!
Fonte: Aleteia