Em nota, Dicastério para a Doutrina da Fé esclarece a recepção ao documento publicado no mês passado e recomenda sua leitura completa para compreensão da proposta.
O Dicastério para a Doutrina da Fé divulgou nesta quinta-feira, 4, uma nota de imprensa assinada pelo prefeito do organismo, Cardeal Víctor Manuel Fernández, sobre as reações à declaração Fiducia supplicans, sobre o significado pastoral das bênçãos, publicada em 18 de dezembro passado.
O comunicado divulgado hoje traz um esclarecimento sobre a declaração dada sua recepção. Reitera-se que a declaração não muda a doutrina da Igreja sobre o matrimônio e se recorda que as bênçãos pastorais não são comparáveis às bênçãos litúrgicas e ritualizadas.
“A verdadeira novidade desta Declaração, que requer um generoso esforço de recepção, do qual ninguém deveria declarar-se excluído, não é a possibilidade de abençoar casais irregulares. É o convite a distinguir duas formas diferentes de bênção: “litúrgicas ou ritualizadas” e “espontâneas ou pastorais””, explica o texto.
Da mesma forma, o comunicado lembra que os bispos podem discernir sobre a aplicação da bênção de acordo com o contexto. O comunicado também recomenda a leitura completa e atenta da declaração para que se possa compreender melhor o significado da sua proposta. O documento oficial está publicado no site do Dicastério para a Doutrina da Fé em seis idiomas. Acesse aqui.
A proposta da declaração
Dividido em seis tópicos, o comunicado de hoje reforça o que já foi publicado, trazendo alguns exemplos práticos de situações e do que poderia ser dito nas ocasiões das bênçãos pastorais. No tópico “como se apresentam concretamente estas “bênçãos pastorais”?”, um dos esclarecimentos, por exemplo, é de que estas bênçãos pastorais devem ser breves, de poucos segundos, justamente para se distinguir claramente das bênçãos litúrgicas ou ritualizadas.
Outra ressalva é de que a bênção “jamais será realizada conjuntamente a ritos civis de união e nem mesmo em relação a estes. Nem sequer com as roupas, gestos ou palavras próprios de um matrimônio.” , a fim de afastar equívocos. Logo, também se ressalta que ela não deve acontecer num lugar importante do edifício sacro ou diante do altar, porque isto causaria confusão.
“A Declaração contém a proposta de breves e simples bênçãos pastorais (não litúrgicas, nem ritualizadas) de casais irregulares (não das uniões), sublinhando que se trata de bênçãos sem forma litúrgica, que não aprovam nem justificam a situação em que se encontram essas pessoas”, esclarece outro ponto do comunicado de hoje.
O comunicado considera ainda que alguns documentos do Dicastério para a Doutrina da Fé, como essa declaração Fiducia supplicans, podem requerer, nos seus aspectos práticos, mais ou menos tempo para a sua aplicação, segundo os contextos locais e o discernimento de cada bispo diocesano. Um dos tópicos do comunicado, intitulado “catequese”, aborda a possível necessidade de uma catequese que ajude todos a entender que este tipo de bênção não é uma ratificação da vida que levam aqueles que a imploram.
“Podemos ajudar o Povo de Deus a descobrir que este tipo de bênção é um simples canal pastoral que ajuda as pessoas a manifestar a própria fé, ainda que sejam grandes pecadores. Por isso, ao dar esta bênção a duas pessoas que juntas se aproximam para implorá-la espontaneamente, não as estamos consagrando, nem nos estamos congratulando com elas, nem estamos aprovando o seu modo de união.”
Os seis tópicos do comunicado divulgado hoje são: “doutrina”, “recepção prática”, “a situação delicada de alguns países”, “a verdadeira novidade do documento”, “como se apresentam concretamente estas “bênçãos pastorais”?” e “catequese”. A íntegra do comunicado foi publicada pelo Portal Vatican News. Leia aqui.
Fonte: Canção Nova