Grupo libertado após conversas com a Santa Sé foi acolhido no Vaticano neste domingo, 14, e inclui dois bispos, 15 sacerdotes e dois seminaristas.
Após um ano e seis meses preso, o bispo de Matagalpa, Dom Rolando Álvarez, foi libertado. O governo da Nicarágua informou neste domingo, 14, que ele e outros 18 religiosos foram soltos e enviados ao Vaticano.
Além de Dom Rolando Álvarez, a lista de religiosos liberados inclui o bispo de Siuna, Dom Isidoro del Carmen Mora Ortega, 15 sacerdotes e dois seminaristas. Com exceção de um dos libertados, todos foram recebidos no Vaticano na tarde de domingo. Em outubro do ano passado, a Santa Sé já havia recebido 12 padres vindos do país centroamericano.
Em nota, o governo liderado por Daniel Ortega agradeceu ao Papa Francisco e à secretaria de Estado do Vaticano pelas “respeitosas e discretas coordenações realizadas para tornar possível a viagem para o Vaticano” dos religiosos.
Recentemente, o Pontífice havia se manifestado duas vezes pela libertação dos religiosos. A primeira foi durante a oração do Angelus no dia 1º de janeiro, quando expressou que espera “que sempre busquemos o caminho do diálogo para superar as dificuldades”.
A outra ocasião em que abordou o tema foi durante a audiência com os embaixadores credenciados junto à Santa Sé, em 8 de janeiro. Em meio ao seu discurso, o Santo Padre citou que a Nicarágua vive uma crise que causa “amargas consequências” para a Igreja Católica e toda a sociedade, e lembrou que “a Santa Sé não cessa de convidar a um diálogo diplomático respeitoso pelo bem dos católicos e de toda a população”.
Situação da Igreja na Nicarágua
Desde 2022, a relação entre a Nicarágua e a Igreja Católica havia se tornado cada vez mais tensa. Em julho daquele ano, missionárias da Caridade foram expulsas do país e alguns veículos de comunicação católicos foram fechados. No mês seguinte, o bispo de Matagalpa, Dom Rolando Álvarez, foi preso, e em fevereiro de 2023, condenado a 26 anos de prisão.
Em 8 de março do ano passado, duas universidades foram “confiscadas” pelo governo nicaraguense e o estatuto jurídico da Caritas no país foi cancelado. Depois, o representante da Santa Sé na Nicarágua, Monsenhor Marcel Diouf, precisou deixar o país no dia 19 de março após “solicitação” do fechamento da Sede Diplomática, datada de 10 de março. Desde maio, algumas contas bancárias de dioceses locais foram congeladas, com a alegação de investigação por parte da polícia nicaraguense.
No final de junho de 2023, a Corte Interamericana de Direitos Humanos ordenou que Dom Rolando fosse libertado por meio de uma resolução de medidas provisórias, dando como prazo o dia 7 de julho. No dia 3, o governo da Nicarágua anunciou a libertação do bispo, mas devido à sua recusa em sair do país, ele voltou a ser preso no dia 5. Diante dessa situação, dezenas de personalidades católicas publicaram uma carta denunciando a perseguição religiosa no país e solicitando a libertação do religioso. Por fim, em agosto, a Ordem dos Jesuítas foi declarada ilegal.
Após a libertação e o envio de 12 sacerdotes ao Vaticano em outubro de 2023, novas prisões voltaram a acontecer em dezembro. O bispo de Siuna, Dom Isidoro del Carmen Mora Ortega, foi um dos detidos. Além do prelado, pelo menos 14 sacerdotes e dois seminaristas haviam sido presos desde o dia 20 daquele mês.
Fonte: Canção Nova