Participando da Pré-Cúpula sobre sistemas alimentares da ONU, que começou nesta segunda-feira, 26, Papa Francisco falou sobre as injustiças sociais que fazem com que milhões de pessoas sofram com a fome.
O evento alocado em Roma também conta com representantes de mais de 110 governos, incluindo o Brasil. Em formato híbrido, presencial e virtual, as sessões preparam o maior evento global sobre o tema agendado para setembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em espanhol, o texto do Santo Padre foi lido por dom Paul Richard Gallagher, secretário de Relações com os Estados do Vaticano. A mensagem destaca como os maiores desafios da atualidade são vencer a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição na era do coronavírus. Francisco disse que a pandemia projetou ainda mais as injustiças, “minando a nossa unidade como família humana”, principalmente para as pessoas mais pobres.
O escândalo das vítimas da fome
O papa afirmou que uma mudança radical é necessária diante a exploração da natureza com o uso irresponsável de bens.
“Produzimos comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isso ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos básicos. Portanto, é um dever de todos extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas.”
Para acabar com esse problema, segundo o papa, apenas produzir mais alimentos não é suficiente. “[É preciso] uma nova mentalidade e uma nova abordagem integral e projetar sistemas alimentares que protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana no centro; que garantam alimentos suficientes globalmente e promovam o trabalho digno em nível local; e que alimentem o mundo de hoje, sem comprometer o futuro”, ele declarou.
Valorização do setor rural
Francisco disse que a recuperação do setor rural é fundamental no pós pandemia para corrigir o que chamou de “raízes do nosso sistema alimentar injusto”, destacando, também, a importância de reconhecer os profissionais da agricultura. “[Esse reconhecimento] deve ser acompanhado de políticas e iniciativas que atendam plenamente às necessidades das mulheres rurais, promovam o emprego de jovens e melhorem o trabalho dos agricultores nas áreas mais pobres e mais remotas”.
“Ao longo deste encontro, temos a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo onde o pão, a água, os remédios e o trabalho fluam em abundância e cheguem primeiro aos mais necessitados. A Santa Sé e a Igreja Católica estarão a serviço desse nobre objetivo, oferecendo a sua contribuição, unindo forças e vontades, ações e sábias decisões”, finalizou.
Fonte: Vatican News (adaptado)