Há uma rota de peregrinação que há quinze séculos intriga religiosos e historiadores: a Linha Sagrada de São Miguel Arcanjo.
O mundo cristão fora constituído sobre rotas de peregrinação, a exemplo dos Evangelhos que deveriam ser pregados nos quatro cantos da terra [Marcos 16:15], os fiéis também deveriam sair de suas casas e ir ao encontro do sagrado.
As jornadas espirituais faziam parte da vida do cristão da Idade Média, portanto era quase como um “chancelar da fé” completar a vida com pelo menos uma romaria aos lugares santos. Terra Santa, Roma, Santiago de Compostela e La Linea Sacra di San Michele – como é conhecido o enigmático caminho do Arcanjo – estavam entre os roteiros mais procurados pelos viajantes motivados pelos destinos contemplativos.
A Linha Sagrada de São Miguel Arcanjo
Há uma rota de peregrinação que há quinze séculos intriga alguns religiosos e historiadores: a Linha Sagrada de São Miguel Arcanjo. Trata-se de um caminho em linha reta, que conecta de forma estratégica sete santuários erguidos em honra a São Miguel. Da Irlanda a Israel, estão acomodadas igrejas, grutas e santuários que foram dedicados ao arcanjo entre os séculos V e XII. Estes lugares apresentam certas peculiaridades que nos fazem pensar que não se trata de uma simples coincidência, sobretudo que estão alocados neste trajeto por uma providência.
Erigidos sobre elevações – montanhas ou colinas; circundados pela água; fundamentados ou esculpidos na rocha bruta. Estas são algumas características que nos remetem aos elementos citados nas Sagradas escrituras: monte santo, água como fonte da vida e a pedra angular ou sustentáculo. Ademais, existe uma lenda que narra a misteriosa via como um golpe de espada desferido por São Miguel na batalha espiritual. Conta-se que ao precipitar Lúcifer e um terço dos anjos rebeldes, este caminho teria ficado marcado em nosso mundo temporal, razão pela qual tais santuários estariam dispostos neste enigmático trajeto: São Miguel continua guardando os templos de Deus!
Segundo o padre e angelólogo Marcello Stanzione, a linha mística que aloca os sete santuários de São Miguel, está alinhada de forma muito precisa com o pôr do sol no dia do Solstício de Verão. Podemos atribuir outro significado a este fato: o Solstício de Verão é o nome conferido ao dia mais longo do ano, e com a noite mais curta. Isto ocorre quando um dos hemisférios da Terra encontra-se inclinado de modo a receber luz por um período prolongado. Desta forma, um dia com maior tempo de luz, reduz o tempo de escuridão.
Os 7 santuários
Os sete santuários dedicados ao Arcanjo Miguel surgiram após o anjo manifestar seu desejo da consagração, ou da construção de templos para a difusão do culto cristão. São eles:
1) Skellig Michael ou Rocha de São Miguel: situada em uma ilha na Irlanda. Sua construção data o século VI. Conta a tradição que o arcanjo teria aparecido a São Patrício e orientado ao culto micaélico para que a Irlanda fosse liberada das amarras do Diabo.
2) Saint Michael’s Mount ou Montanha de São Miguel: ilha rochosa próxima à Cornualha, na Inglaterra. A data aproximada da construção é do século V. São Miguel teria livrado um grupo de pescadores de um naufrágio, conduzindo-os a um porto seguro que posteriormente se transformou em um lugar do culto angélico, devido a importantes graças e favores da criatura celeste.
3) Le Mont-Saint-Michel ou O monte de São Miguel: um dos principais assentamentos para honrar o arcanjo está localizado na Normandia, região francesa. O anjo teria aparecido ao bispo Aubert no século VIII e solicitado a construção de uma capela no topo da ilha rochosa para o culto cristão.
4) Sacra di San Michele ou Linha Sagrada de São Miguel: edificação colossal com vista para os Alpes Suíços em cidade próxima a Turim, ao norte da Itália. Narra-se que no século X o próprio Arcanjo Miguel se manifestara ao eremita Giovanni Vincenzo pedindo a construção de uma igreja em sua homenagem no cume do monte Pirchiriano.
5) Gruta de São Miguel Arcanjo no Monte Gargano: o principal santuário entre os sete assentamentos, por ser o primeiro lugar a receber a aparição de São Miguel no Ocidente. O fato aconteceu no século V, com um incidente envolvendo um pastor e seu novilho que havia disparado para o interior de uma gruta no topo do monte Sant’Angelo. Dias após o episódio, a criatura celeste teria surgido em sonho ao bispo Lorenzo Maiorano e solicitado a consagração da gruta para o culto cristão. A gruta está localizada no promontório do Gargano, ao sul da Itália.
6) Monastério de Symi na Grécia: São Miguel teria demandado ao eremita Luke a construção de uma igreja em sua homenagem. Onde o Arcanjo apareceu, emergiu da terra uma fonte de água considerada sagrada. Fato ocorrido próximo ao século XII.
7) Mosteiro do Monte Carmelo: em Haifa – Israel – está localizado o último santuário da linha sacra, conhecido como monastério Stella Maris do Monte Carmelo. Conta a tradição que os eremitas que habitavam a colina eram devotos fervorosos de São Miguel e promotores do culto micaélico. Estes mesmos religiosos iniciaram a construção do célebre mosteiro no século XI.
O mistério da Linha Sacra não termina aqui. Ao pesquisarmos profundamente estes sete santuários, descobrimos que três destas construções, estão a exatos mil quilômetros de distância entre si: Le Mont-Saint-Michel, Sacra di San Michele e a Gruta do Monte Gargano. Estes santuários receberam reis, imperadores, santos e papas que peregrinaram em busca de suas graças, ou como forma de agradecimento aos favores prestados pelo Arcanjo Miguel.
Clique abaixo para conhecer alguns desses santuários!
Fonte: Aleteia