Desde 1587, a Procissão do Senhor dos Passos da Graça sai às ruas de Lisboa (Portugal) no segundo domingo da Quaresma; este ano, porém, pela primeira vez em sua história, não acontecerá por causa das restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
A procissão é realizada pela Real Irmandade da Santa Cruz e Passos da Graça, a qual tem 435 anos e foi constituída justamente para realizá-la desde o século XVI. Por isso a atual situação é vista como algo “triste” por seus membros.
Em declarações à Agência Ecclesia, do episcopado português, o provedor da instituição, Francisco Mendia, afirmou que este “é um ano bastante triste para nós, é um ano que pela primeira vez a imagem do Senhor dos Passos não sai em procissão nas ruas de Lisboa”, entre a igreja de São Roque e a igreja da Graça.
Mendia assinalou que “é um ano único” e recordou que em outras situações semelhantes a imagem sempre “acabou por sair”, como ocorreu nas Invasões Francesas ou na implementação da República, e até mesmo na Gripe Espanhola, no século XX.
“É uma situação para nós verdadeiramente excecional e é com grande tristeza que isto acontece. Faz parte da nossa caminhada dos irmãos, cerca de 500, na Quaresma”, disse em entrevista a RTP2 o provedor, segundo quem esta é “possivelmente a maior devoção de Lisboa”.
Conforme ressaltou Ecclesia, Mendia lembrou que esta foi “a primeira procissão de Passos em Portugal” e, por isso, é “tão acarinhada” pela cidade de Lisboa e inspirou outras em países como Brasil e Índia.
Por sua vez, o pároco da Graça e capelão da Irmandade, cônego Jorge Dias, salientou à Ecclesia que para a cidade de Lisboa, a procissão “desperta aquilo que são os sentimentos religiosos às vezes apagados; e nos cristãos acaba por convidar a uma vivência mais profunda e mais séria do mistério pascal”.
Apesar de a procissão não acontecer, mesmo assim a data será marcada. No próximo domingo, o segundo da Quaresma, o Bispo auxiliar de Lisboa, Dom Américo Aguiar, presidirá a Missa às 11h, com transmissão na página de Facebook da Irmandade, meios digitais do Patriarcado de Lisboa e da Agência ECCLESIA e pela Rádio Renascença.
Ao final da Missa, indicou Mendia à Rádio Renascença, o Bispo “irá dar a habitual bênção à cidade de Lisboa, no Largo da Igreja da Graça”.
Fonte: acidigital