por Pe. Angelo Bellon
Rezar por quem está em busca de trabalho ou enfrenta problemas no emprego é uma bela causa, animada pela verdadeira caridade cristã para com os necessitados
Caro Pe. Angelo,
Perdi o emprego há três anos e encontrei um novo trabalho cerca de um ano depois. Sem hesitar, defino esse trabalho como uma verdadeira graça material que recebi de nosso Senhor. Gostaria do seu conselho em relação ao seguinte: às vezes, lendo os e-mails enviados pelos leitores aos “Amigos Dominicanos”, vejo muita gente oferecendo orações por alguma determinada “categoria” de pessoas: pelos falecidos, pela conversão dos jovens, pelas famílias etc. Eu, por causa da minha experiência, rezo muitas vezes pelos desempregados, por quem está em busca de trabalho. O senhor pode me recomendar orações ou devoções em particular para esta intenção? Intercessão de algum santo, por exemplo? Gostaria de saber também se posso pedir missas por esta finalidade (já ofereço a missa de maneira pessoal). Muito obrigada e que Deus o abençoe.
Caríssima,
Publico o seu testemunho com alegria, para convidar todos os leitores a rezarem pela causa dos trabalhadores. E aproveito para lembrar que o padroeiro das causas econômicas e de trabalho é São José.
Rezar por quem está em busca de trabalho ou enfrenta problemas no emprego é uma bela causa, animada pela verdadeira caridade cristã para com os necessitados.
Sei de pessoas que todos os dias rezam a ladainha de São José por essa intenção. Sei de jovens que, de quando em quando, oferecem missas pelos desempregados e por quem anda preocupado com o trabalho. Incentivo você, portanto, a encomendar missas por esta causa. O Senhor irá recompensá-la por este ato delicado de caridade.
Uma boa oração a São José, por qualquer motivo, mas especialmente pelos problemas econômicos, é o “Memorare” [“Lembrai-vos”], escrito por São Bernardo em honra de Nossa Senhora, mas aplicado também a São José:
Lembrai-vos, ó piíssimo São José, que nunca se ouviu dizer
que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção,
implorado a vossa assistência
e reclamado o vosso socorro
fosse por vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança,
a vós, ó pai, virgem entre todos singular,
como a pai recorro, de vós me valho e,
gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro a vossos pés.
Não rejeiteis as minhas súplicas,
ó pai putativo do Verbo de Deus humanado,
mas dignai-vos de as ouvir propício
e de me alcançar o que vos rogo.
Assim seja.
Sei de pessoas que o recitam nove vezes por dia, como se fosse uma novena perpétua. Eu vi com meus próprios olhos as maravilhas da oração feita a São José pelas causas econômicas e de trabalho. É verdade que ninguém que se voltou a São José foi abandonado.
Eu gosto de lembrar o belo testemunho de Santa Teresa de Ávila em favor da intercessão de São José. Santa Teresa escreve:
Quando vi o estado a que me tinham reduzido os médicos da terra e estando tão enferma em tão jovem idade, decidi recorrer aos médicos do céu e pedir-lhes a saúde, porque, muito embora suportasse a doença com tanta alegria, desejava também ser curada. Pensava que, se com saúde acabasse condenada, melhor seria ficar assim, mas também imaginava, com a saúde, ser capaz de melhor servir ao Senhor. Eis o nosso erro: não querer abandonar-nos em tudo às mãos de Deus, que sabe melhor que nós o que nos convém. Comecei a encomendar missas e a fazer orações aprovadas (…) Tomei então por meu advogado e patrono o glorioso São José e a ele me confiei com fervor. Este meu pai e protetor me ajudou na necessidade em que me achava e em muitas outras mais graves, em que estava em jogo a minha honra e a salvação da minha alma. Vi claramente que a sua ajuda me foi sempre maior do que eu pudesse esperar. Não me lembro de ter jamais lhe rogado uma graça sem a ter imediatamente obtido. E é coisa que maravilha recordar os grandes favores que o Senhor me fez e os perigos de alma e corpo de que me livrou por intercessão deste santo bendito.
A outros santos parece que Deus concedeu socorrer-nos nesta ou naquela precisão, mas experimentei que a todas o glorioso São José estende o seu patrocínio. O Senhor quer assim nos mostrar que, tal como esteve sujeito a ele na terra, onde ele podia comandá-lo como pai adotivo, assim também no céu atende tudo o que ele pede. E assim reconheceram, por experiência, ainda outras pessoas que a meu conselho se recomendaram ao seu patrocínio. Muitos outros se tornaram recentemente seus devotos por terem experimentado esta verdade. Eu procurava celebrar sua festa com a máxima solenidade (…) Pela grande experiência que tenho dos favores obtidos de São José, quisera que todos se persuadissem de lhe ser devotos. Não conheci pessoa que lhe fosse verdadeiramente devota e lhe prestasse particular serviço sem fazer progressos na virtude. Ele ajuda muitíssimo quem a ele se recomenda. Há já vários anos que, no dia da sua festa, eu lhe peço alguma graça e sempre sou ouvida. Se o que peço não é tão reto, ele o ajeita para meu bem maior. Se as minhas palavras tivessem autoridade, com gosto narraria em detalhes as graças que este glorioso santo tem concedido a mim e a outros, mas, não querendo ir além dos limites que me foram impostos, em muitas coisas serei mais breve do que gostaria e em outras mais demorada que o necessário: em suma, como quem tem pouca discrição em tudo o que é bem. Peço apenas pelo amor de Deus que quem não me crer faça a prova e verá por experiência quão benéfico é confiar-se a este glorioso Patriarca e lhe ser devoto” (Vida, VI, 5-8).
Agradeço mais uma vez, rezo por você e a abençoo.
Fonte: Aleteia