O Papa Francisco se tornou hoje (28) o primeiro papa em 728 anos a abrir a Porta Santa de uma basílica do século 13 em L’Aquila, Itália, no domingo.
Durante visita à cidade a cerca de 110 km a nordeste de Roma, o papa participou do Perdão Celestino, e uma tradição secular, conhecida em italiano como Perdonanza Celestiniana.
A abertura da Porta Santa marcou um momento chave na celebração anual instituída pelo papa Celestino V em 1294.
“Durante séculos L’Aquila manteve vivo o presente que o papa Celestino V deixou”, disse Francisco na homilia da missa que celebrou na basílica de Santa Maria di Collemaggio. “É o privilégio de lembrar a todos que com misericórdia, e somente com ela, a vida de cada homem e mulher pode ser vivida com alegria”.
“Ser perdoado é experimentar aqui e agora o que mais se aproxima da ressurreição. O perdão é passar da morte para a vida, da experiência de angústia e culpa para a de liberdade e alegria. Que esta igreja seja sempre um lugar onde possamos nos reconciliar e experimentar essa graça que nos coloca de pé e nos dá outra chance”, disse o papa.
A viagem do papa começou às 7h50, quando ele partiu de helicóptero do Vaticano. Em L’Aquila ele visitou a catedral, que está sendo reconstruída desde o terremoto de 2009, que matou mais de 300 pessoas.
O papa usou um capacete para visitar a área de reconstrução da igreja. Ele falou com familiares das vítimas do terremoto na praça da cidade em frente à catedral. Presidiários da cidade também estavam presentes na multidão. O papa cumprimentou as pessoas numa cadeira de rodas.
“Antes de tudo, agradeço-vos o vosso testemunho de fé: apesar da dor e da perda, que pertencem à nossa fé de peregrinos, fixais o vosso olhar em Cristo, crucificado e ressuscitado, que com o seu amor redimiu o absurdo de dor e morte”, disse Francisco. “E Jesus vos pôs de volta nos braços do Pai, que não deixa cair em vão uma lágrima, nem uma, mas as recolhe todas em seu coração misericordioso”.
Depois o papa foi no papamóvel até a basílica de Santa Maria di Collemaggio, em L’Aquila, onde celebrou uma missa ao ar livre, rezou o Ângelus e abriu a Porta Santa.
Em sua mensagem do Ângelus, o papa rezou pelos paquistaneses. As inundações já mataram mais de mil pessoas no Paquistão.
O papa Francisco também pediu a intercessão da Virgem Maria para obter “perdão e paz para o mundo inteiro”, mencionando a Ucrânia e todos os outros lugares que sofrem com a guerra.
Durante sua visita a L’Aquila, o papa disse que queria que a cidade central italiana se tornasse uma “capital do perdão, paz e reconciliação”.
“É assim que a paz é construída através do perdão recebido e dado”, disse ele.
Na basílica de L’Aquila está sepultado são Celestino V, que foi papa por cinco meses e renunciou em 13 de dezembro de 1294. Ele foi canonizado em 1313.
O anúncio da Santa Sé de que o Papa Francisco visitaria L’Aquila provocou especulações de que a viagem poderia indicar a intenção de Francisco de renunciar.
Quando, em 2013, Bento XVI se tornou o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos, observadores do Vaticano lembraram que ele havia visitado o túmulo de Celestino V anos antes. Durante sua viagem em 28 de abril de 2009, ele deixou seu pálio – a vestimenta de lã branca dada aos arcebispos metropolitanos – no túmulo.
Em sua homilia em L’Aquila, o papa Francisco elogiou o são Celestino V por sua humildade e coragem.
Mencionando a descrição de Dante Alighieri de Celestino como o homem da “grande recusa”, o papa Francisco sublinhou que Celestino não deve ser lembrado como um homem de “não” – por renunciar ao papado – mas como um homem de “sim”.
“De fato, não há outro caminho para realizar a vontade de Deus senão assumindo a força dos humildes, não há outro caminho. Precisamente porque são assim, os humildes parecem fracos e perdedores aos olhos dos homens, mas na realidade eles são os verdadeiros vencedores, pois são os únicos que confiam completamente no Senhor e conhecem sua vontade”, disse Francisco.
No final da Missa, a multidão rezou a ladainha dos santos e assistiu ao papa Francisco abrir a Porta Santa da basílica. Segundo o bispo de L’Aquila, cardeal Giuseppe Petrocchi, Francisco é o primeiro papa a abrir a Porta Santa em 728 anos.
Cardeais abriram a Porta Santa para o Perdão Celestino nos últimos anos, depois da bula do perdão pelo prefeito local.
A bula, de são Celestino V, concede indulgência plenária a todos os que, tendo confessado e se arrependido de seus pecados, vão à basílica de Santa Maria di Collemaggio das vésperas de 28 de agosto ao pôr do sol de 29 de agosto. Indulgência é uma graça concedida pela Igreja Católica pelos méritos de Jesus Cristo, Maria e todos os santos para remover o castigo temporal devido ao pecado.
Celestino doou a bula papal a L’Aquila, onde está guardada em uma capela blindada na torre da prefeitura
Depois de abrir a Porta Santa, Francisco foi levado pela basílica até o túmulo de são Celestino V, onde rezou.
“No espírito do mundo, dominado pelo orgulho, a Palavra de Deus de hoje nos convida a ser humildes e mansos. A humildade não consiste na desvalorização de si mesmo, mas naquele realismo sadio que nos faz reconhecer nossas nossas misérias”, disse o papa Francisco. “Partindo precisamente de nossas misérias, a humildade nos faz desviar o olhar de nós mesmos e voltar nosso olhar para Deus, Aquele que tudo pode e também obtém para nós o que não podemos ter por nós mesmos. ‘Tudo é possível para quem acredita’ (Marcos 9, 23).”
Fonte: ACI Digital