Na Audiência Geral desta quarta-feira, 20, Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a velhice com o tema: “Honra o pai e a mãe: o amor pela vida vivida”
“Honra o pai e a mãe: o amor pela vida vivida”. Este foi o tema da catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 20. Audiência Geral foi realizada na Praça São Pedro. O Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a velhice.
Em sua reflexão, o Pontífice afirmou que “as experiências de nossa fragilidade, diante das situações dramáticas e às vezes trágicas da vida, podem acontecer em qualquer momento da existência”. No entanto, o Santo Padre pontuou que na velhice podem causar menos impressão e induzir uma espécie de vício, até mesmo de incômodo, nos outros.
De acordo com o Papa, as feridas mais graves da infância e da juventude causam um sentimento de injustiça e rebelião, uma força de reação e luta. “Ao contrário, as feridas, mesmo graves, da velhice são inevitavelmente acompanhadas pelo sentimento de que, de qualquer forma, a vida não se contradiz, porque já foi vivida”.
Honrar quem nos precedeu
Francisco destacou que na experiência humana comum, o amor – como se costuma dizer – é descendente. “Ele não volta à vida que está atrás de nós com a mesma força com que se derrama na vida que ainda está à nossa frente. A gratuidade do amor também aparece nisto: os pais sempre souberam disso, os idosos aprendem-no cedo. No entanto, a revelação abre caminho para uma restituição diferente do amor: é a estrada para honrar quem nos precedeu”.
Segundo o Pontífice, não se trata apenas de honrar o pai e a mãe, mas a geração e as gerações anteriores, cuja despedida também pode ser lenta e prolongada, criando um tempo e um espaço de convivência duradoura com as outras idades da vida. Em outras palavras, o Santo Padre frisou que trata-se da velhice da vida.
“Honra é uma boa palavra para enquadrar este âmbito de restituição do amor que diz respeito aos idosos. Hoje, redescobrimos o termo “dignidade” para indicar o valor do respeito e do cuidado da vida de qualquer pessoa. Dignidade, aqui, equivale essencialmente a honra”.
O Papa convidou a pensar nesta bela declinação do amor que é a honra. O cuidado dos doentes, o apoio a quem não é autossuficiente, a garantia do sustento, podem carecer de honra, alertou.
“Falta honra quando o excesso de confiança, em vez de se expressar como delicadeza e afeto, ternura e respeito, se transforma em aspereza e prevaricação. Quando a desorientação é censurada e até punida, como se fosse uma falta. Quando perplexidade e confusão se tornam uma abertura para zombaria e agressão. Pode até acontecer em casa, nos asilos, bem como nos escritórios ou nos espaços abertos da cidade”.
Transformar a educação dos jovens
O Pontífice prosseguiu ressaltando que incentivar nos jovens, mesmo indiretamente, uma atitude de suficiência – e até de desprezo – em relação à velhice, suas fraquezas e sua precariedade, produz coisas horríveis.
“Abre caminho para excessos inimagináveis. Os jovens que põem fogo na coberta de um “mendigo”, por considerá-lo um descarte humano, são a ponta do iceberg, ou seja, do desprezo por uma vida que, longe das atrações e impulsos da juventude, já aparece como uma vida de descarte. Esse desprezo, que desonra os idosos, na verdade desonra a todos nós”, sublinhou.
Segundo Francisco, é preciso oferecer “o melhor apoio social e cultural a quantos são sensíveis a esta forma decisiva de “civilização do amor”. Não é uma questão de cosméticos e cirurgia plástica. Pelo contrário, é uma questão de honra, que deve transformar a educação dos jovens em relação à vida e suas fases”.
Proximidade entre as gerações
O Papa convidou os pais a aproximarem os filhos, as crianças, os jovens aos idosos. Quando o idoso estiver doente, um pouco fora de si, deixar que eles se aproximem dele, pediu.
O Santo Padre então contou uma história pessoal de quando estava em Buenos Aires e gostava de visitar os asilos. Uma vez ele perguntou a uma senhora idosa: “A senhora tem quantos filhos?” – “Tenho quatro, todos casados, com netos…”, e começou a falar-lhe da família. “E eles vêm?” – “Sim, eles sempre vêm!”.
Quando o Pontífice saiu do quarto, a enfermeira, que tinha ouvido a conversa lhe disse: “Padre, ela disse uma mentira para encobrir os filhos. Não vem ninguém há seis meses!”.
“Isso é descartar o idoso, é pensar que o idoso é lixo”, disse Francisco, acrescentando: “Por favor: é um pecado grave. Este é o primeiro grande mandamento, e o único que diz o prêmio: ‘Honra teu pai e tua mãe e terás longa vida na terra’. Este mandamento de honrar os idosos nos dá uma bênção, que é gasta assim: ‘Você terá uma vida longa’. Por favor, protejam os idosos, pois eles são a presença da história, a presença da minha família, e graças a eles estou aqui, todos podemos dizer: graças a vocês, avô e avó, estou vivo. Por favor, não os deixe sozinhos”.
Fonte: Canção Nova