O centro de saúde pediátrico administrado pela Ordem de Malta é conhecido em toda a região pela sua excelência. Ali nascem dez crianças todos os dias, apesar da escalada de violência na Terra Santa. Ao cuidar de todos e manter conexões dos dois lados do muro de separação, o hospital envia uma mensagem de esperança para o Natal.
Há mais de trinta anos, crianças nascem no Hospital da Sagrada Família em Belém, jovens mães são atendidas e a excelência médica nunca vacilou. Tudo isso apesar das incógnitas da violência na Terra Santa. O mesmo tem acontecido desde 7 de outubro, com o ataque de Hamas ao sul de Israel. A eclosão da guerra na Faixa de Gaza e o isolamento da Cisjordânia pelas forças armadas israelenses lançaram uma nuvem sobre a região, mas no hospital infantil administrado pela Ordem de Malta, o foco permanece na missão de acolher e tratar os pacientes, a qualquer custo. “Logo depois do dia 7 de outubro, ficamos muito preocupados com o que poderia acontecer, porque ninguém poderia imaginar isso”, disse Gilles Normand, diretor do hospital, “mas se a inquietação persiste, Belém continua sendo um oásis de paz”.
A missão de cuidar de todos
A cidade da Natividade, que vive atrás do muro de separação, avança em câmera lenta. Em 2 de dezembro, na véspera do primeiro Domingo do Advento, o Custódio da Terra Santa, frei Francesco Patton, fez sua entrada na cidade numa cerimônia marcada pela sobriedade e por um véu de tristeza. O Hospital da Sagrada Família teve que se adaptar. O seu diretor teve que enviar dois voluntários de volta à França, em 19 de outubro, e alguns membros da equipe palestina estão agora hospedados na unidade de saúde devido à dificuldade de chegar à Cisjordânia. “Há um espírito de família no hospital e as pessoas se apoiam mutuamente”, explica Gilles Normand, “e isso é importante porque nos permite continuar nossa missão de ajudar as pessoas em dificuldade”.
Construir a paz através do cuidado
O diretor sublinha que este período de Natal é especial devido à guerra. A poucas centenas de metros do edifício da Ordem de Malta, a Basílica da Natividade e a Praça da Manjedoura estão, este ano, mais vazias do que o habitual, devido às restrições, mas na Sagrada Família todos, muçulmanos e cristãos, rezam para que a paz chegue logo. O espírito de paz também é tangível nas enfermarias do hospital. Poucos dias atrás, médicos israelenses do hospital Hadassa, em Jerusalém, ligaram para Normand para pedir-lhe que cuidasse de uma jovem de Gaza que estava prestes a dar à luz. “Aqui, como cristãos, podemos construir pontes em vez de muros”, explica. “As nossas relações com as pessoas em Israel não mudarão, porque estamos comprometidos em cuidar dos outros. Esta é uma enorme mensagem de esperança.” O diretor conclui, quase surpreso: “Belém é um oásis de paz e o hospital é um exemplo disso. É bastante surpreendente, mas agradeçamos a Deus por esta situação”.
Fonte: Vatican News