José Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho, é aquele tipo de sacerdote artista, que canta, reza e vive a sua vocação com muita discrição. Isso é próprio da sua natureza.
Nascido em Machado, Minas Gerais, José Fernandes de Oliveira migrou para Taubaté, interior de São Paulo, aos 3 anos de idade. A mãe enferma e pai paralitico, nunca se esquivaram do cuidado dos filhos, contando com a ajuda dos padres dehonianos. Esse exemplo o impulsionou a querer, também ele, cuidar dos outros, como sacerdote dehoniano, ou seja, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus.
A vocação musical surge no clima artístico da própria família, pois o pai era violeiro e tocava muito toadas mineiras. Mas, em São Paulo, padre Zezinho deixou-se inspirar pelas músicas e serestas. Por ser um exímio leitor, sempre compôs em função do que leu: teologia, sociologia, história, etc. “É importante ter a cultura dos livros pois esta é que faz de você um criador”, costuma afirmar em suas entrevistas.
O Vatican News conversou com o ícone da música católica brasileira, padre Jose Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho.
Filho do Concilio Vaticano II, encerrou a formação e ordenou-se sacerdote em 1966, quando decidiu que seria um grande pregador das ideias deste Concílio Ecumênica que acabava de realizar-se. As canções já compostas foram fonte de inspiração para divulgar o Concílio.
A Doutrina Social da Gaudium Et Spes, foi seu livro de cabeceira. O Documento lhe ajudou a cantar a vida e as esperanças do povo. “E isso logo no começo deu resultado assim que voltei ao Brasil, conta ele.
‘Nova Geração’, uma das primeiras composições que expressam ideais do Concilio, foi uma das canções mais cantadas naquela época e ainda hoje: “assim que voltei ao Brasil uma das canções que mais pegaram já no começo é aquela que muitos jovens cantam ainda hoje, composta em 1969”.
Aberto ao conhecimento, padre Zezinho fez do mundo a sua pátria. Viajou muito. Residiu nos Estados Unidos, próximo a Chicago, onde há uma presença significativa de negros, mexicanos e alemães. Mas, interagiu, também, com as raízes culturais de Portugal, Espanha, Itália e do continente africano.
Sem dúvida, essas culturas, como também a cultura miscigenada brasileira, afetaram em cheio os seus arranjos musicais. “Não fui eu quem inventou isso. Fui bebendo dessas fontes, comprei os cds, – naquela época eram os long plays (discos de vinil) -, e tenho tudo guardado no meu escritório. Foi assim que eu cresci como compositor”, relata.
José Fernandes de Oliveira, é aquele tipo de sacerdote artista, que canta, reza e vive a sua vocação com muita discrição. Isso é próprio da sua natureza. Tende a repetir sempre em suas entrevistas que prefere o escondimento. Nunca se filiou a nenhuma rede de televisão, a nenhum partido, a nenhuma uma linha de comunicação. “Eu já tinha o Vaticano II com suas orientações: o Inter Mirificat e todas as outras orientações apresentadas pelo Vaticano”, enfatiza.
Para padre Zezinho, isto quer dizer que a Igreja tem sua própria doutrina, sua própria comunicação, aberta a dialogar com outros veículos. “A Igreja aceita que outros padres possam ir para outros veículos, desde que preguem Doutrina Social, desde que ele não seja o ‘padre bonitinho’ somente. Tem que ser alguém que tenha o que dizer”.
O trabalho com a juventude nasce e cresce, segundo padre Zezinho, a partir de uma proposta da Igreja, especificamente dos bispos e seus superiores. Percebendo sua facilidade de trabalhar com as multidões, lhe confiaram o trabalho com a juventude e vocações. “Então precisaram de mim, eu tinha o talento, desenvolvi e obedeci e deu certo, acredito, porque não foi o meu projeto pessoal, foi projeto do Vaticano II, dos bispos do Brasil, dos meus superiores e de todas as viagens que fiz.
Padre Zezinho finaliza a entrevista à Rádio Vaticano – Vatican News, abençoando a toda a equipe e convidando-a ser, junto com ele, iluminadora. “Muito obrigada. Deus abençoe vocês. Continuemos tentando ser iluminados e iluminadores. Padre Zezinho abençoa!”
Fonte: Vatican News