Um dos países mais pobres do mundo enfrenta um dos cenários mais difíceis do mundo: enquanto letalidade da covid está em 2,5%, a do ebola pode chegar a 66%
A Igreja Católica, através da sua rede internacional de caridade cristã e ação social Cáritas, está apoiando a República Democrática do Congo no enfrentamento de um novo surto de ebola, que se junta ao cenário já grave da pandemia de covid-19 e a outro surto simultâneo de sarampo, considerado o pior de toda a história do país africano, que está entre os mais pobres do planeta.
A Cáritas da República Democrática do Congo ativou imediatamente um plano de resposta para tentar conter a transmissão da epidemia de ebola e sensibilizar a população sobre as medidas preventivas, trabalhando em conjunto com a Cáritas da Espanha, que vem capitaneando há 2 anos uma campanha de angariação de fundos destinados a iniciativas de combate ao ebola no coração da África.
Para se ter uma dimensão da gravidade do ebola, basta recordar que, enquanto a taxa de mortalidade da covid-19 está em torno de 2,5% no país, a do ebola chega, na média histórica, a espantosos 66%. Trata-se de um dos vírus mais mortais que ameaçam hoje a humanidade.
O ebola no Congo tem surgido e ressurgido em surtos que vinham se concentrando nas regiões de Ituri e Kivu, norte do país, mas o surto mais recente ocorreu na província de Equateur, bastante distante de Kivu.
As ações de combate ao vírus por parte da Cáritas Congo em Equateur preveem o uso de 23,7 milhões de euros num programa de conscientização e profilaxia focado prioritariamente em 1.000 líderes comunitários, o que inclui chefes de diversas denominações religiosas, agentes pastorais, chefes de comércio e associações de transporte, jovens e membros das Células de Animação Comunitária. O material de prevenção será distribuído aos membros de 50 associações, incluindo equipamentos e produtos para desinfecção. Além dessas lideranças, a Cáritas vem prestando especial atenção aos grupos de maior risco de contágio, em particular as mulheres, por serem as que geralmente cuidam dos doentes, preparam funerais e fazem as compras e preparos de alimentos. Também fazem parte dos grupos prioritários os motoristas, taxistas e comerciantes, por conta do seu contato com grande número de pessoas no dia-a-dia e, portanto, do seu alto potencial de disseminar o vírus caso sejam contagiados.
A atual epidemia de ebola é nada menos que a 11ª do tipo no país, desde o primeiro surto em 1976. A anterior acabava de ser declarada encerrada no mês passado em Kivu e Ituri, onde matou 2.277 pessoas ao longo de dois anos, quando as autoridades congolesas já tiveram de reconhecer o início do novo surto em Equateur. 48 pessoas já foram infectadas e 20 já morreram (cf. atualização de 13 de julho). Os dados são do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
Em paralelo, a República Democrática do Congo enfrenta a sua pior epidemia de sarampo de todos os tempos, além de continuar convivendo com altos índices de desnutrição, miséria e violência.
Fonte: Aleteia