Foi inaugurado o primeiro ano didático da Escola de Artes e Ofícios da Fábrica de São Pedro para 20 jovens estudantes de três cursos: entalhador de pedras e marmorista, estucadores e decoradores, e marceneiros. Doze rapazes e 8 moças da Itália, Peru, Alemanha e Belarus, aprenderão “o saber prático” e amor pelos tesouros da Basílica com os melhores mestres artesãos da Basílica Vaticana
O ateliê da “Fábrica de São Pedro”, complexo e aparato de tipo institucional-administrativo, cuja tarefa consiste em garantir os serviços materiais, logísticos, econômicos e administrativos relativos à vida do edifício da Basílica volta a ensinar a maestria a jovens entalhadores de pedras e marmoristas, estucadores e decoradores, e marceneiros. De fato, na segunda-feira, 16 de janeiro, foi inaugurada a Escola de Artes e Ofícios da Fábrica de São Pedro, promovida em colaboração com a Fundação Fratelli tutti. Os vinte jovens estudantes, selecionados nos últimos meses para cada um dos três cursos previstos para o primeiro ano, são os verdadeiros protagonistas do evento na Casa Capitular da Basílica Vaticana.
Vinte jovens estudantes da Itália, Peru, Alemanha e Belarus
São doze rapazes e oito moças, da Itália, Peru, Alemanha e Belarus, todos com diploma do ensino médio e educação técnico/artística, conforme estipulado no edital para a apresentação das candidaturas. Os mais jovens terminaram recentemente o ensino médio e escolheram a Escola de Artes e Ofícios da Fábrica de São Pedro antes de entrar no mundo do trabalho ou dos estudos universitários. Outros são estudantes universitários que, também sob conselho de seus professores, pediram para frequentar a Escola. Outros ainda já iniciaram uma das profissões ensinadas pelos cursos, ou estão desempregados ou são precários. Eles serão os herdeiros dos jovens aspirantes a “pedreiros, mestres de obras, marceneiros, entalhadores de pedras e todos os artesãos de artes mecânicas” que a Fábrica começou a formar há 250 anos, instituindo o Estúdio Pontifício de Artes, um verdadeiro centro de formação de alta especialização.
No final do século XVIII, era o Estúdio Pontifício de Artes
Segundo fontes de arquivo, desde o final do século XVIII, a frequência à Escola da Fábrica era gratuita, destinada à formação de jovens artesãos de toda Roma, aberta à noite e nos feriados para permitir que os alunos trabalhassem de manhã. Já naquela época, a Fábrica transmitia às novas gerações de artesãos os conhecimentos técnicos dos antigos e as habilidades necessárias para desenvolver o próprio serviço na Basílica Vaticana, como um ato de amor e responsabilidade. Ainda hoje, como sublinhou o Cardeal Mauro Gambetti, Presidente da Fábrica de São Pedro e da Fundação Fratelli tutti, nossa Escola opta por voltar a promover a transmissão desses “conhecimentos práticos”, ligado ao saber fazer, com uma proposta didática e objetivos semelhantes.
Escola gratuita, conhecimento transmitido pelos mestres artesãos
É por isso que a Escola é gratuita e o conhecimento será transmitido pelos melhores mestres da Basílica Vaticana, aos quais é confiada a manutenção e restauração de um verdadeiro tesouro de fé, arte e arquitetura. As aulas teóricas serão realizadas nas salas de aula especialmente montadas nas instalações do Palácio dos Cônegos, enquanto que as atividades de oficinas serão realizadas nos ateliês da Fábrica de São Pedro, onde os aspirantes a artesãos terão a oportunidade de praticar e trabalhar em estreito contato com os mestres artesãos. Por mais de cinco séculos, a Fábrica de São Pedro tem sido um centro de alta especialização de conhecimento, capaz de estimular a criatividade e a habilidade de artistas e artesãos constantemente empenhados em atender às necessidades específicas de um edifício único como a Basílica do Vaticano. Os alunos aprenderão o artesanato tradicional, adaptado às novas tecnologias. A participação na Escola proporcionará uma oportunidade de construir uma comunidade educativa, formada em espírito de fraternidade e com vistas ao crescimento humano integral, como alternativa à solidão do conhecimento e ao crescente individualismo profissional.
Card. Gambetti: uma semente no terreno da promoção humana
“A Escola”, continua o Cardeal Gambetti, “nos ajudará a plantar uma semente no terreno da promoção humana, da formação destinada a servir a cultura, as mulheres e os homens de nosso tempo e a Igreja. Graças à tradição secular conservada pela Fábrica de São Pedro, ao profissionalismo dos artesãos e à contribuição científica do cenário acadêmico internacional, tentaremos contribuir para uma formação verdadeiramente integral, capaz de envolver, com o ensino das artes e ofícios, a dimensão espiritual, a cultural e antropológica, a ética e o cuidado com a vida comunitária”.
Uma formação para o crescimento profissional e humano
Os percursos de formação terão como objetivos o crescimento profissional e humano dos jovens artesãos e o desenvolvimento de habilidades manuais, com aprendizagem histórico-artística, conhecimento dos materiais utilizados e a aquisição de habilidades técnicas e tecnológicas. As atividades didáticas incluem ciclos de palestras, seminários, visitas guiadas e visitas de estudo a vários locais na Itália. Através desta forma de aprendizagem ativa e de transmissão geracional do conhecimento, os estudantes poderão se aprofundar na vida da Basílica Vaticana, para conhecer a sua espiritualidade, os lugares, as pessoas e a organização.
Cursos de 6 meses, estudantes hospedados na ‘Villa Aurelia”
Os cursos terão a duração de 6 meses com frequência obrigatória. Durante toda a duração da Escola, os alunos serão hospedados na residência “Villa Aurelia” dos Padres Dehonianos, localizada perto da Basílica. Eles serão acompanhados na dinâmica de grupo por sua tutora Gloria Amaduzzi, que incentivará o desenvolvimento pessoal através da reflexão, da escuta e da partilha, para que a experiência permita estabelecer relações autênticas e fraternas, em uma atmosfera onde todos possam se sentir bem acolhidos.
Metade dos pedidos apresentados por mulheres
É interessante notar que metade dos pedidos de acesso ao curso foram apresentados por jovens mulheres. Desde o século XVI, a presença de trabalhadoras no canteiro de obras da Basílica de São Pedro certamente não é certamente episódica. Entre as “sanpietrinas” do passado, exemplares pela sua tenacidade, iniciativa, espírito empreendedor e coragem, encontramos mestras pedreiras, marceneiras, carpinteiras, forneiras, especialistas em vitrais, escultoras de madeira e pedras duras, que contavam com uma substancial igualdade econômica e consideração em relação aos seus colegas homens.
Informações para a próxima seleção já disponíveis
A seleção dos candidatos, que foi realizada por meio de um teste e uma entrevista individual com o apoio da secretaria da Escola, coordenada por Paola D’Onofrio, levou em conta especialmente as motivações pessoais. Todos expressaram um desejo de se formar em ofícios antigos, que hoje parecem ser pouco atraentes para muitos de seus coetâneos. As informações para as inscrições para a próxima seleção da Escola de Artes e Ofícios “Fabbrica di San Pietro” podem ser obtidas escrevendo para a Secretaria da Escola (scuola.artiemestieri@fsp.va).
Fonte: Vatican News