Em meio à “confusão” que pode afligir os jovens que pensam sobre suas próprias vocações, faz-se necessário escutá-los e acompanhá-los.
Em agosto, a Igreja no Brasil celebra o Mês Vocacional. Durante este período, as vocações são refletidas de modo mais profundado, com foco especial para os jovens que estão discernindo aquilo que Deus pede em suas vidas. Assim, as vocações aos ministérios ordenados, ao matrimônio, à vida religiosa e ao laicato são abordadas, a fim de orientar os caminhos que precisam ser percorridos para cada chamado.
Esta fase pode causar muita incerteza nos jovens. Gustavo Carvalho, que tem 15 anos e mora em Cachoeira de Pajéu (MG), define o sentimento sobre sua vocação como “confusão”. Contudo, conta também que diante desta sensação, sua atitude foi abrir-se à vontade de Deus, e assim tem caminhado. Acompanhado por sua mãe e pela sua madrinha, ele vive o discernimento vocacional e hoje se sente chamado ao matrimônio.
E é justamente o acompanhamento que mais contribui com este processo, indica a assessora do Setor Juventudes, Vocações e Partilha de Carismas da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e assessora externa da Comissão dos Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a irmã Maristela Ganassini, Filhas do Sagrado Coração de Jesus.
“Por vezes se cria um certo tabu, porque pensamos que falar de vocação é falar de vida religiosa ou vida sacerdotal. Quando é desconhecido pelo jovem, também é difícil de fazer com que eles reflitam sobre sua própria vocação”, reflete a religiosa, sobre a abordagem às vocações. Assim, ela indica a necessidade de falar mais sobre todas as vocações, em cada vez mais espaços, difundindo a cultura vocacional.
Espaços para escutar
“Vocação é uma experiência de profunda unidade com o chamado de Deus. É responder a esse convite maravilhoso que Deus realiza na vida do ser humano, em vista de que essa experiência pessoal possa ser um sinal do compromisso com a construção do Reino de Deus.” – Padre Marlon Malacoski
O coordenador nacional do Serviço de Animação Vocacional/Pastoral Vocacional, padre Marlon Malacoski, cita que algumas dioceses têm Centros de Animação Vocacional, um local próprio para reflexão e acompanhamento do processo de discernimento vocacional. Também há equipes que escutam e se aproximam dos jovens, mas ainda assim ele reconhece que é preciso gerar cada vez mais espaços para falar deste assunto. “Quando nos cabe ajudar o outro a discernir o caminho de sua vida, a primeira coisa é escutar”, sublinha.
Além disso, ele explica que, por muito tempo, falar de vocação significou falar sobre se tornar padre ou religioso. “Mas é preciso pensar também nas demais vocações, que também demonstram a variedade de dons na nossa Igreja”. O sacerdote explica que, a partir da consciência da pluralidade de vocações que estão a serviço da Igreja, o discernimento vocacional será mais efetivo para os jovens.
Testemunhar a própria vocação
O padre Marlon também aconselha os jovens, indicando ações que podem contribuir com o discernimento vocacional. Entre elas, cita especialmente a oração, pedindo a presença do Espírito Santo para que Ele possa ajudar e auxiliar, e a busca pelo diálogo com pessoas que podem contribuir com este processo, como o pároco, a equipe vocacional, a família e pessoas que vivem a vocação com a qual o jovem se identifica.
Neste sentido, a irmã Maristela ainda ressalta: é preciso falar também do cuidado pessoal. Para dar testemunho de suas vocações, as pessoas precisam estar realizadas, senão não adianta falar sobre o tema. O padre Marlon concorda: “somos chamados a, cada vez mais, vivermos intensamente a nossa vocação, o grande testemunho que podemos dar é este”, acrescenta.
Fonte: Canção Nova