Na manhã deste 1 de julho faleceu em Ratisbona (Alemanha) o irmão mais velho do Papa Bento XVI, Monsenhor Georg Ratzinger, aos 96 anos de idade.
Georg Ratzinger nasceu em 15 de janeiro de 1924 em Pleiskirchen; perto de Altötting, na Alemanha. Seus pais foram Joseph Ratzinger, um oficial de polícia, e Maria Ratzinger. Além do Papa Emérito Bento XVI, tinha uma irmã, María, que faleceu em 1991.
Fez os estudos eclesiásticos no seminário da Arquidiocese de Münich e Freising, e foi ordenado sacerdote junto com seu irmão, Joseph, em 29 de junho de 1951, na Solenidade de São Pedro e São Paulo.
Em 1964, já graduado em música sacra e exercendo o ofício de compositor, Mons. Georg Ratzinger tornou-se diretor do coro da Catedral de Ratisbona, conhecido como Os Pardais. Em 1976 foi nomeado Prelado de honra do Papa, razão pela qual tinha o título de monsenhor.
Em 15 de janeiro de 2014, ao fazer 90 anos, seu círculo de amigos organizou um concerto em sua homenagem na Rádio Vaticano que contou com a presença de seu irmão Bento XVI e ao que assistiram alguns poucos convidados, entre os quais o secretário do Papa Emérito e prefeito da Casa Pontifícia, Mons. Georg Gänswein, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, então prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé, entre outros.
Em 2016, Mons. Georg Ratzinger respondeu a acusações sobre abusos físicos e sexuais entre a década de 1950 e 1990 no coro da Catedral de Ratisbona, que ele dirigiu musicalmente durante 30 anos.
Mons. Georg Ratzinger, diretor do coro de 1964 até 1994, disse à revista alemã Passauer Neuer Presse que “não sei de absolutamente nada sobre abusos sexuais durante meu período” como diretor do coro.
As novas acusações, seis anos depois das primeiras denúncias, apareceram no marco de uma investigação encabeçada pelo advogado do coro da Diocese da Ratisbona, Ulrich Weber.
O número de maus tratos e abusos sexuais seria maior do que estimado previamente no coro da Catedral, pois ao menos 231 meninos teriam supostamente sido golpeados ou abusados sexualmente por sacerdotes e professores da diocese alemã.
Weber assinalou que “os casos reportados de abuso sexual na diocese Ratisbona estiveram concentrados principalmente na década de 1970”, e disse que “50 vítimas falaram de 10 perpetradores”.
Consultado sobre se ele acreditava que Mons. Georg Ratzinger sabia de casos de maus tratos físicos e abusos sexuais, Weber assinalou que “depois de minha investigação, penso que sim”.
Entretanto, Mons. Ratzinger assegurou nessa ocasião que ele não teve conhecimento de nenhum caso de abuso sexual, mas reiterou o pedido de perdão e solidariedade às vítimas de outros sacerdotes.
Sobre a violência física, Mons. Ratzinger reconheceu que os “golpes, quer dizer, bofetadas, eram comuns não só no coro da Catedral, mas em todos os âmbitos da educação, assim como nas famílias”.
Sobre a relação que mantém com seu irmão, disse que sempre foi estreita. Juntos se criaram, juntos cresceram e estudaram no seminário e juntos foram ordenados sacerdotes.
Em 2014 contou que “tinha um segundo telefone no dormitório com um número que só ele conhece. Se soa esse telefone, então sei que meu irmão, o Papa, está a chamar-me”.
Estes e outros dados foram revelados por Mons. Ratzinger no livro “Meu irmão, o Papa” (Mein Bruder, der Papst), que reflete a entrevista concedida ao jornalista e escritor alemão Michael Hesemann.
A última vez que Mons. Georg viu seu irmão Bento XVI foi há poucos dias, quando o Papa Emérito viajou de Roma a Alemanha para visitá-lo, devido ao delicado estado de saúde de Monsenhor Ratzinger. O encontro se deu entre os dias 18 e 21 de junho deste ano, dia em que celebraram Missa juntos. Ao dia seguinte Bento XVI retornou ao mosteiro em que reside dentro da Cidade do Vaticano desde sua renúncia em 2013.
Fonte: acidigital