Papa segue no ciclo de catequeses sobre a velhice e hoje, a partir do exemplo de Simeão e Ana, falou sobre a sensibilidade espiritual da terceira idade
O exemplo de Simeão e Ana esteve no centro da reflexão do Papa Francisco na catequese desta quarta-feira, 30. Com o tema “Fidelidade à visita de Deus para a geração futura”, o Santo Padre seguiu no ciclo de reflexões sobre a velhice, destacando a sensibilidade espiritual da terceira idade, capaz de eliminar toda inveja entre as gerações.
A razão de viver de Simeão e Ana foi esperar a visita de Deus. Eles reconheceram a presença de Deus no menino Jesus, o que encheu de consolação a longa espera e levou serenidade à sua despedida da vida. São duas figuras cheias de vitalidade espiritual, destacou Francisco. E apesar da velhice debilitar a sensibilidade do corpo de alguma forma, uma velhice que se exerceu na expectativa da visita de Deus não perderá a sua passagem, ressaltou.
Sensibilidade espiritual
Segundo o Papa, é necessária uma velhice dotada de sentidos espirituais vivos e capazes de reconhecer os sinais de Deus, ou seja, o Sinal de Deus, que é Jesus. Ao contrário, a anestesia dos sentidos espirituais é ruim.
“Quando perdemos a sensibilidade do tato ou do paladar, damo-nos conta imediatamente. Ao contrário, a da alma, aquela sensibilidade da alma podemos ignorá-la por muito tempo, viver sem perceber que se perdeu a sensibilidade da alma. Essa não se refere simplesmente ao pensamento de Deus ou da religião. A insensibilidade dos sentidos espirituais diz respeito à compaixão e à piedade, à vergonha e ao remorso, à fidelidade e à dedicação, à ternura e à honra, à responsabilidade própria e à dor pelo próximo”.
Francisco notou que a insensibilidade não deixa a pessoa entender a compaixão ou sentir vergonha ou remorso por ter feito algo ruim. Os sentidos espirituais anestesiados confundem tudo e a velhice se torna a primeira vítima desta perda de sensibilidade, observou Francisco.
“Numa sociedade que exerce a sensibilidade sobretudo por prazer, só pode haver a perda de atenção pelos mais frágeis e prevalecer a competição dos vencedores. Assim, se perde a sensibilidade”.
O que estimula a sensibilidade de Simeão e Ana?
Francisco destacou que a revelação que estimula a sensibilidade de Simeão e Ana consiste em reconhecer numa criança, que eles não geraram e que veem pela primeira vez, o sinal certo da visita de Deus. Eles aceitam que não são protagonistas, mas apenas testemunhas. E segundo o Papa, quando alguém tem esta atitude, vai tudo bem, a pessoa amadurece bem. Ao contrário, caminha-se rumo a uma plenitude da velhice que nunca amadurecerá.
É ruim quando uma civilização perde a sensibilidade do Espírito, acrescentou o Papa, exaltando mais uma vez o testemunho dado por Simeão e Ana. “É maravilhoso quando encontramos idosos como Simeão e Ana que preservam essa sensibilidade do Espírito e são capazes de entender as diferentes situações, como esses dois entenderam a situação que estava diante deles que era a manifestação do Messias”.
O Papa concluiu dizendo que a velhice espiritual pode dar um testemunho humilde e deslumbrante, sendo exemplar para todos. Uma velhice que cultivou a sensibilidade da alma extingue toda a inveja entre as gerações, todo o ressentimento, toda a recriminação pelo advento de Deus na geração seguinte, que chega com a despedida da própria.
Fonte: Canção Nova