Recordemos a Virgem da Medalha Milagrosa, cujas aparições aconteceram durante uma enorme crise social, política e econômica
França, início do século XIX. De família humilde, nasce Catherine Labouré, que, ainda jovem, ingressa ao noviciado das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e, ainda noviça, recebe a graça de ver Nossa Senhora em pessoa.
Maria lhe aparece na capela das Filhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris. A capital da França está em crise: a Revolução de Julho de 1830 destituiu o monarca e deixado os trabalhadores à deriva: desempregados e furiosos, eles organizaram mais de 4.000 barricadas pela cidade.
A Mãe de Deus apareceria diversas vezes em visões para a jovem noviça, que hoje conhecemos como Santa Catarina Labouré ou, pelo seu nome em francês, como Santa Catherine Labouré.
Na segunda aparição, Nossa Senhora está de pé sobre uma esfera branca, esmagando com os pés uma serpente e trazendo nas mãos um globo.
De repente, o globo desaparece e os braços da Virgem se estendem para a terra. Seus dedos estão ornados com anéis de pedrarias, dos quais são emanados raios de luz que simbolizam as graças concedidas a quem as pede.
Porém, algumas pedras não emitem luminosidade alguma: elas simbolizam as pessoas que nunca pedem nenhuma graça a Maria. Em seguida, em formato oval, aparece esta inscrição:
“Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.
Na visão de Catarina, o verso dessa imagem mostra a letra “M”, encimada por uma cruz, e, abaixo, dois corações.
O Sagrado Coração de Jesus está coroado por espinhos; o Imaculado Coração de Maria está cercado por rosas e trespassado por uma espada.
Uma voz lhe afirma claramente:
“Manda cunhar uma medalha a partir deste modelo”.
Além de instruir Catarina a fazer a medalha baseada nessa visão, Nossa Senhora promete abundantes graças para todos os que a usarem com confiança.
A medalha e os relatos de milagres
Dois anos depois, uma avassaladora epidemia de cólera arranca a vida de mais de 20.000 parisienses.
As religiosas distribuem a medalha milagrosa e logo começam a ser relatados vários casos de cura, bem como de proteção contra a doença.
A medalha de Maria também desata alguns eventos surpreendentes. Oito anos após a epidemia, a capela da Rue du Bac volta a receber aparições.
A Mãe de Deus aparece desta vez para a irmã Justine Busqueyburu, confiando a ela o Escapulário Verde do seu Coração Imaculado para a conversão dos pecadores, em particular dos que não têm fé.
Dois anos depois, o banqueiro francês Alphonse Ratisbonne, ateu, membro de uma destacada família judaica, se converte ao catolicismo. Ratisbonne tinha visitado Roma usando por brincadeira a medalha milagrosa.
Ao visitar a famosa igreja barroca de Sant’Andrea delle Fratte, em 20 de janeiro de 1842, ele próprio recebe uma aparição de Maria. Ratisbonne se converte ali mesmo.
“Ele não conseguia explicar como tinha passado do lado direito da igreja para o altar lateral oposto… Tudo o que ele sabia era que, de repente, estava de joelhos perto daquele altar. No começo, conseguiu ver claramente a Rainha do Céu em todo o esplendor da sua beleza imaculada, mas não pôde continuar olhando para o brilho daquela luz. Por três vezes tentou olhar novamente para a Mãe de Misericórdia; por três vezes foi incapaz de levantar os olhos para além das mãos abençoadas de Maria, da qual fluía, em raios luminosos, uma torrente de graças”.
Alphonse Ratisbonne se torna sacerdote jesuíta e, mais tarde, funda a congregação religiosa dos Padres e Irmãs de Sião em Jerusalém.
Catarina Labouré morre mais de trinta anos depois, ainda como freira de clausura no convento de Paris.
Seus restos mortais são encontrados incorruptos em 1933 e ela é canonizada em 1947 pelo Papa Pio XII.
Nossa Senhora das Graças, a Virgem da Medalha Milagrosa, é celebrada pela Igreja no dia 27 de novembro.
Fonte: Aleteia