Após mais de seis meses sendo realizada da Biblioteca do Palácio Apostólico, Catequese desta quarta-feira, 12, aconteceu no Pátio São Dâmaso, no Vaticano, e contou com a presença dos fiéis
“O combate da oração” foi o tema da Catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 12. A Audiência Geral foi realizada no Pátio São Dâmaso, no Vaticano. Evento com o Pontífice contou com a presença de alguns fiéis de várias partes do mundo.
Retomada da Catequese com a presença dos fiéis
“Estou feliz em retomar estes encontros face a face, pois lhes digo uma coisa: não é bom falar diante do nada, diante de uma câmera. Encontrar as pessoas, encontrar vocês, cada um com sua história, ver cada um de vocês, para mim é uma alegria”, disse Francisco.
O Santo Padre agradeceu a presença de todos e pediu que levassem sua mensagem a outras pessoas. “A mensagem do Papa é que rezo por todos, e peço que rezem por mim unidos em oração”.
A Catequese desta quarta-feira foi a primeira com a presença dos fiéis após mais de seis meses de sua realização da Biblioteca do Palácio Apostólico. A decisão da realização das Audiências Gerais sem a presença dos fiéis aconteceu devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19.
Rezar não é algo fácil
O Pontífice destacou que “a oração cristã, como toda a vida cristã, não é um “passeio”. De acordo com ele, nenhum dos grandes orantes da Bíblia e da história da Igreja teve uma oração “confortável”.
É possível rezar como papagaios, mas isso não é oração, advertiu o Papa. A oração concede uma grande paz, mas através uma luta interior. Por vezes esta luta pode ser dura, pode acompanhar até longos períodos da vida.
“Rezar não é algo fácil. Cada vez que a queremos fazer, de repente lembramos de outras atividades, que naquele momento parecem mais importantes e mais urgentes. Isso acontece também comigo!”, partilhou.
Francisco disse ainda que quase sempre, depois de termos adiado a oração, percebemos que aquelas coisas não eram absolutamente essenciais.
Inimigos da oração
“O inimigo nos engana deste modo. Quem quiser rezar deve lembrar-se de que a fé não é fácil, e por vezes procede na quase total obscuridade, sem pontos de referência”, alertou.
Contudo, o Papa afirmou que os piores inimigos da oração estão dentro de nós. O Santo Padre citou o Catecismo da Igreja Católica que os chama de: Desânimo na aridez. Tristeza por não dar tudo ao Senhor, porque temos ‘muitos bens’. Decepção por não sermos atendidos segundo a nossa própria vontade. O nosso orgulho ferido que se endurece perante a nossa indignidade de pecadores. Alergia à gratuitidade da oração”.
Pôr a vida em ordem
O Pontífice questionou: “O que fazer no tempo da tentação, quando tudo parece vacilar?”. Segundo Francisco, se olharmos para a história da espiritualidade, vemos imediatamente que os mestres da alma foram muito claros sobre essa situação.
O Papa citou, por exemplo, os Exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Um livreto de grande sabedoria, que ensina como pôr a vida em ordem.
Santo Antônio Abade, fundador do monaquismo cristão também foi citado. Ele enfrentou momentos terríveis no Egito. A oração se tornou uma dura luta.
Combater na oração
“Combater na oração. Muitas vezes a oração é um combate”, disse o Santo Padre. Ele contou um episódio que aconteceu numa diocese na Argentina.
Francisco recordou que um casal tinha uma filha doente por causa de uma infecção. Segundo os médicos, a menina morreria ainda naquela noite.
O homem era um operário. Ele saiu do hospital chorando. Pegou o trem e viajou 70 km e foi à Basílica de Nossa Senhora de Luján. Quando chegou, a Basílica estava fechada. Ele se agarrou às grades do portão e rezou a noite inteira.
Pela manhã a igreja abriu e ele entrou para saudar Nossa Senhora. Essa cena é indelével: “Eu a vi! Eu a vivi”, disse o Pontífice.
O combate daquele pai na oração precede um sorriso: o de sua esposa que lhe disse, quando voltou para casa, que sua filha foi inexplicavelmente curada, contou o Papa. “Nossa Senhora o ouviu”. A “oração”, salientou o Santo Padre, “faz milagres”.
Presença de Jesus
Jesus está sempre conosco, afirmou Francisco. “Se em um momento de cegueira não conseguirmos vislumbrar a sua presença, conseguiremos no futuro”, frisou.
“Também nós um dia poderemos repetir a frase que o patriarca Jacó disse certa vez: ‘Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia!’ (Gn 28, 16). No final da nossa vida, olhando para trás, também nós poderemos dizer: ‘Pensava que estava sozinho, mas não, não estava: Jesus estava comigo’”.
Fonte: Canção Nova