Queridos, amem sempre a Igreja. Amem e preservem a unidade da sua ‘companhia’. Palavras do Papa ao Movimento Católico Comunhão e Libertação no Centenário do nascimento de seu fundador
Na manhã deste sábado, 15, o Papa Francisco recebeu os membros do Movimento Comunhão e Libertação por ocasião do Centenário do nascimento do fundador o Servo de Deus, Mons. Luigi Giussani. Na Praça São Pedro lotada estavam presentes fiéis de toda a Itália e de vários países.
No início de seu discurso o Santo Padre recordou Dom Giussani afirmando ter sido ele um pai, mestre e servidor de todas as ansiedades e situações humanas que encontrava na área educativa e missionária. “A Igreja reconhece sua genialidade pedagógica e teológica implantada a partir de um carisma que lhe foi dado pelo Espírito Santo para o ‘bem comum’”.
O Pontífice também afirmou que não é apenas a nostalgia que fazem os presentes celebrarem o centenário de seu fundador, mas é a certeza da grata memória de sua presença “não apenas em nossas biografias e corações, mas na comunhão dos santos, de onde ele intercede por todos os seus”.
Da crise à unidade
Francisco falou sobre os tempos de crises do Movimento, ponderando que os tempos de crise são tempos de recapitulação da sua extraordinária história de caridade, de cultura e de missão; são tempos de discernimento crítico daquilo que limitou a potencialidade fecunda do carisma de Dom Giussani.
Recordou também que a crise faz crescer, e que, Dom Giussani está orando pela unidade em todas as articulações de seu movimento. Enfatizou Francisco que a unidade não significa uniformidade e exortou os presentes a não terem medo de diferentes sensibilidades, como também dos confrontos nos caminhos do Movimento.
“Isto é importante – disse ainda o Pontífice – que a unidade seja mais forte do que forças dispersivas ou a continuidade de velhas oposições. Unidade com aqueles que lideram o movimento, unidade com os Pastores, unidade em seguir cuidadosamente as indicações do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e unidade com o Papa, que é o servidor da comunhão na verdade e na caridade”.
O Carisma do fundador
Em seguida o Pontífice disse que gostaria de lembrar alguns aspectos da rica personalidade de Dom Giussani: o seu carisma, a sua vocação como educador, o seu amor pela Igreja.
Como homem carismático Francisco recordou que Dom Giussani certamente era de grande carisma pessoal, capaz de atrair milhares de jovens e de tocar seus corações. “Podemos nos perguntar de onde veio seu carisma? Veio de algo que ele havia experimentado pessoalmente: quando criança, com apenas quinze anos, ele foi iluminado pela descoberta do mistério de Cristo. Ele tinha intuído não apenas com sua mente, mas com o coração que Cristo é o centro unificador de toda a realidade, é a resposta a todas as perguntas humanas, é a realização de todo desejo de felicidade, bondade, amor e eternidade presente no coração humano. A maravilha e o fascínio deste primeiro encontro com Cristo nunca o deixaram”.
O Santo Padre apontou a raiz do carisma a partir da ação atrativa, do convencimento e da coversão dos corações por Dom Giussani. “Ele transmitia aos outros o que levava dentro de si depois da sua fundamental experiência: a paixão pelo homem e a paixão por Cristo como a realização do homem”
Francisco recordou ainda que muitos jovens o seguiram porque a juventude tem uma grande intuição. “O que ele dizia vinha da sua experiência e do seu coração, por isso inspirava confiança, simpatia e interesse”.
Cuidado com o Carisma
“Caríssimos, valorizem o precioso dom do seu carisma e a Fraternidade que o guarda, pois isso pode fazer ‘florescer’ muitas vidas. Grande parte da potencialidade do carisma de vocês ainda deve ser descoberto; convido, portanto, a evitar qualquer fuga de si mesmo, do medo e da fadiga espiritual que leva à preguiça espiritual. Encorajo todos a encontrar os modos e as linguagens corretas para que o carisma que Dom Giussani lhes deu alcance novas pessoas e novos ambientes, para que saiba falar ao mundo de hoje, que mudou desde o início de seu movimento. Há tantos homens e mulheres que ainda não tiveram aquele encontro com o Senhor que mudou e tornou suas vidas lindas!“.
Giussani educador
Ao falar sobre Dom Giussani como educador o Papa disse: “Dom Luigi tinha uma habilidade única para desencadear uma busca sincera do sentido da vida no coração dos jovens, para despertar seu desejo pela verdade”.
Afirmou que seu apostolado quando percebia a sede entre os jovens, permitia-o näo ter medo de lhes apresentar a fé cristã. Mas sem nunca impor nada.
“Sua abordagem gerou muitas personalidades livres, que aderiram ao cristianismo com convicção e paixão; não por hábito, não por conformismo, mas de uma forma pessoal e criativa”.
O Papa aludio-os à grande herança espiritual deixada por Dom Giussani para todos os adeptos do Movimento. “Peço-lhes que alimentem em vocês mesmos a paixão educativa, o amor pelos jovens, pela liberdade e responsabilidade pessoal de cada um diante de seu próprio destino, seu respeito pela singularidade irrepetível de cada homem e mulher”.
Filho da Igreja
Por fim Francisco fala de Dom Giussani como filho da Igreja: “Dom Giussani era um sacerdote que amava muito a Igreja. Mesmo em tempos de perplexidade e forte contestação das instituições, sempre manteve com firmeza a sua lealdade à Igreja, pela qual nutria um grande carinho, quase ternura, e ao mesmo tempo uma grande reverência, pois acreditava que a Igreja é a continuação de Cristo na história”.
Ainda afirmou que o Fundador ensinou ao movimento a ter respeito e amor filial pela Igreja e, com grande equilíbrio, sabendo manter o carisma e a autoridade, que são complementares.
Carisma vivo
“Mesmo entre vocês – ponderou – alguns estão encarregados de uma tarefa de autoridade e governo, para servir a todos os outros e mostrar o caminho certo”. Mas, ao lado do serviço da autoridade, é essencial que, “em todos os membros da fraternidade, o carisma permaneça vivo, para que a vida cristã mantenha sempre o encanto do primeiro encontro. Isto é o que ‘torna a estrada bela’”.
Apelo
Concluindo o Papa pediu uma ajuda concreta: “Convido-vos a acompanhar-me na profecia pela paz – Cristo, Senhor da Paz! O mundo cada vez mais violento e guerreiro me assusta – na profecia que indica a presença de Deus nos pobres, nos abandonados e vulneráveis, condenados ou deixados de lado na construção social; na profecia que anuncia a presença de Deus em todas as nações e culturas, indo ao encontro das aspirações de amor e verdade, de justiça e felicidade que pertencem ao coração humano e que palpitam na vida dos povos. Que esta santa inquietação profética e missionária arda também no coração de vocês”.
Por fim afirmou: “Queridos, amem sempre a Igreja. Amem e preservem a unidade da sua ‘companhia’. Não deixem que sua Fraternidade seja ferida por divisões e oposições, que fazem o jogo do maligno. Mesmo os momentos difíceis podem ser momentos de graça, e de renascimento”.
Fonte: Canção Nova