Francisco recebeu em audiência os signatários de um documento sobre o desenvolvimento ético da inteligência artificial. “A fraternidade entre todos é a condição para que o desenvolvimento tecnológico esteja a serviço da justiça e da paz em todo o mundo”, disse o Papa em seu discurso.
O Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, os signatários do Rome Call for A.I. Ethics, um documento sobre o desenvolvimento ético da inteligência artificial, assinado por representantes das três religiões abraâmicas, na Casina Pio IV, no Vaticano, nesta terça-feira (10/01). O encontro dos signatários foi organizado pela Pontifícia Academia para a Vida e pela Fundação RenAIssance.
Em seu discurso, o Pontífice agradeceu aos persentes “pelo compromisso de promover, através do Rome Call, uma ética compartilhada em relação aos grandes desafios que se abrem no horizonte da inteligência artificial”.
A inteligência artificial está presente na vida cotidiana
Após a primeira assinatura em 2020, o evento desta terça-feira “conta com o envolvimento de delegações judaicas e islâmicas, que olham para a inteligência artificial com um olhar inspirado nas palavras da Encíclica Fratelli tutti”. Segundo o Papa, a adesão dessas delegações “na promoção de uma cultura que coloque esta tecnologia a serviço do bem comum de todos e da salvaguarda da Casa comum é exemplar para muitos outros. A fraternidade entre todos é a condição para que o desenvolvimento tecnológico esteja a serviço da justiça e da paz em todo o mundo”.
Todos sabemos o quanto a inteligência artificial está cada vez mais presente em todos os aspectos da vida cotidiana, tanto pessoal quanto social. Ela incide na nossa maneira de entender o mundo e a nós mesmos. As inovações neste campo fazem com que esses instrumentos sejam cada vez mais decisivos na atividade e até mesmo nas decisões humanas.
O Papa os encorajou os signatários do documento a prosseguirem nesse caminho, ressaltando que ficou feliz em saber que eles pretendem “envolver as outras grandes religiões do mundo e os homens e mulheres de boa vontade para que a algoritmia, ou seja, a reflexão ética sobre o uso de algoritmos, esteja cada vez mais presente não só no debate público, mas também no desenvolvimento de soluções técnicas”.
Diálogo comum entre todos
De fato, cada pessoa deve poder desfrutar de um desenvolvimento humano e solidário, sem que ninguém seja excluído. Trata-se de vigiar e trabalhar para que não se enraíze o uso discriminatório desses instrumentos em detrimento dos mais frágeis e excluídos. Lembremo-nos sempre de que a forma como tratamos os últimos e menos considerados entre os nossos irmãos e irmãs mostra o valor que damos ao ser humano. É possível dar um exemplo dos pedidos dos requerentes de asilo: é inaceitável que a decisão sobre a vida e o destino de um ser humano seja confiada a um algoritmo.
Segundo o Papa, o Rome Call “pode ser um instrumento útil para um diálogo comum entre todos, a fim de favorecer o desenvolvimento humano das novas tecnologias”. A este propósito, reiterou que «no encontro entre diferentes visões do mundo, os direitos humanos são um importante ponto de convergência para a busca de um terreno comum». De acordo com Francisco, “as adesões ao Rome Call, que cresceram ao longo do tempo, são um passo significativo na promoção de uma antropologia digital, com três coordenadas fundamentais: ética, educação e direito”.
Por fim, o Papa os encorajou “a prosseguir com audácia e discernimento, na busca de caminhos que conduzam a um envolvimento cada vez maior de todos aqueles que têm no coração o bem da família humana”.
Fonte: Vatican News