“Na Igreja, ninguém deve ser apenas um espectador ou, pior ainda, estar à margem; cada um deve sentir-se parte ativa de uma única grande família”. “Os cristãos se apoiam uns aos outros, os mais fortes apoiam os mais fracos: isto significa amar, ser comunidade e compartilhar o que se tem, até mesmo bens materiais e dinheiro, para que a ninguém falte o justo sustento”, disse o Papa Francisco aos participantes do Congresso do Serviço para a promoção da ajuda econômica à Igreja católica, da CEI.
Não há cristãos da “classe A” e de “classe B”, somos todos filhos de um único Pai, irmãos e irmãs. O processo sinodal está trazendo à tona esta tomada geral de consciência e, ao mesmo tempo, necessária: isto é, a necessidade de deixar de lado certos modelos equivocados que tendem a dividir nossas comunidades.
Foi o que disse o Papa ao receber em audiência ao meio-dia desta quinta-feira (16/02) na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Congresso do Serviço para a promoção da ajuda econômica à Igreja católica, da Conferência Episcopal Italiana (CEI).
“Um só coração e uma só alma”
Após saudar todos os participantes do Congresso, Francisco ressaltou que vindos de diferentes partes da Itália, eles trazem a riqueza de suas Igrejas e a responsabilidade de um serviço que tem suas raízes na primeira comunidade cristã. Descrevendo-a, de fato, o livro dos Atos dos Apóstolos diz que os cristãos tinham “um só coração e uma só alma”.
A fé em Cristo se traduz em vida e escolhas concretas, tais como a comunhão de bens, as doações de seus bens e a distribuição dos lucros da parte dos Apóstolos aos mais necessitados, ressaltou o Pontífice, acrescentando que a comunidade apostólica começou a transformar o mundo a partir do novo estilo de vida marcado pelo Evangelho.
Corresponsabilidade e participação
O Santo Padre observou que desde então as condições históricas da humanidade mudaram muito, mas esta dinâmica, graças a Deus, ainda está presente e incisiva na vida da Igreja e, através dela, na sociedade.
Ela inspirou o atual sistema de apoio econômico à Igreja na Itália, que vós chamais de Sovvenire (ajudar) e que pode ser resumido em duas palavras: corresponsabilidade e participação. Mesmo neste trecho da história nacional, desde a revisão da Concordata até hoje, muitas coisas mudaram. No entanto, estas duas palavras – corresponsabilidade e participação – conservam toda sua força e atualidade, e ajudam a construir uma Igreja mais solidária e mais unida.
A partir destas duas palavras, Francisco desenvolveu sua reflexão. Ser membros do Corpo de Cristo, lembrou o Pontífice, nos une indissoluvelmente ao Senhor e, ao mesmo tempo, uns aos outros. Eis, então a correspondabilidade.
Cada um deve ser parte ativa de uma única grande família
“Na Igreja, ninguém deve ser apenas um espectador ou, pior ainda, estar à margem; cada um deve sentir-se parte ativa de uma única grande família”. “Os cristãos se apoiam uns aos outros, os mais fortes apoiam os mais fracos: isto significa amar, ser comunidade e compartilhar o que se tem, até mesmo bens materiais e dinheiro, para que a ninguém falte o justo sustento”, disse Francisco, acrescentando que a corresponsabilidade implica a participação. O Sovvenire, sito é, ajudar, “é uma forma concreta de expressar participação, de tornar presente aquele vínculo de amor que nos une uns aos outros”, frisou o Papa, voltando mais uma vez seu olhar para as primeiras comunidades cristãs.
Vejamos a Igreja das origens: se evangeliza juntos e com alegria! Somente juntos, na harmonia da diversidade, podemos dar testemunho da beleza do amor que liberta, que se dá, que nos permite sair das dinâmicas negativas do egoísmo, dos conflitos, das oposições.
Comunhão
A este ponto de seu discurso, o Papa acrescentou uma terceira palavra: comunhão. “Corresponsabilidade e participação constroem e sustentam a comunhão; por sua vez, esta motiva e impulsiona a participar e a ser corresponsáveis. Estais vivenciando isto nestes dois primeiros anos do Caminho Sinodal dedicados à escuta”. Francisco observou que se falta a comunhão, se perde a motivação e se alimenta a burocracia.
Corresponsabilidade, participação e comunhão. Estes são vossos pilares, e lembram as palavras-chave do Sínodo: comunhão, participação e missão. Isto não é uma casualidade. Além disso, no tema sinodal, há o termo “missão”, lembrando-nos que tudo na Igreja é para a missão; até mesmo vosso serviço, também o Sovvenire, é apoiar as comunidades missionárias. E isto, devo dizer, pode ser visto em vossas campanhas: fazeis transparecer a realidade de uma Igreja “extrovertida”, que tenta assemelhar-se ao modelo evangélico do Bom Samaritano.
O Santo Padre agradeceu aos presentes pelo serviço que prestam e os confiou a São José, que sustentou com fé e solicitude a vida da Sagrada Família.
Fonte: Vatican News