Na Missa na Casa Santa Marta esta quarta-feira (15/04), Francisco rezou ao Senhor a fim de que esteja próximo das pessoas anciãs isoladas ou nos abrigos de idosos neste tempo difícil. Na homilia, recordou a fidelidade de Deus que continua caminhando com seu povo como Salvador: esta fidelidade é alegria para todos nós e aquece o coração
O Papa presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (15/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos anciãos:
Rezemos hoje pelos anciãos, especialmente pelos que estão isolados ou nos abrigos de idosos. Eles têm medo, medo de morrer sozinhos. Veem esta pandemia como uma coisa agressiva para eles. Eles são nossas raízes, nossa história. Eles nos deram a fé, a tradição, o sentido de pertença a uma pátria. Rezemos por eles a fim de que o Senhor esteja próximo deles neste momento.
Na homilia, o Santo Padre comentou as leituras do dia, extraídas dos Atos dos Apóstolos (At 3,1-10), em que um homem, coxo de nascença, é curado, através da oração de Pedro, “em nome de Jesus Cristo”, e o Evangelho hodierno (Lc 24,13-35) em que Jesus ressuscitado caminha com os discípulos de Emaús explicando-lhes o mistério da sua morte. Os dois discípulos acolhem-No em casa reconhecendo o Senhor à mesa ao partir o pão. Deus – afirmou o Papa – é fiel à sua promessa, é próximo de seu povo, faz o povo senti-Lo como seu Salvador: a fidelidade é festa para todos nós, como fez com o coxo curado, é uma fidelidade paciente e aquece o coração como aconteceu com os discípulos de Emaús. O nosso ser fiéis é uma resposta a esta fidelidade. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Ontem refletimos sobre Maria Madalena como ícone da fidelidade: a fidelidade a Deus. Mas como é esta fidelidade a Deus? A qual Deus? Propriamente ao Deus fiel.
A nossa fidelidade não é nada mais que uma resposta à fidelidade de Deus. Deus que é fiel à sua palavra, que é fiel à sua promessa, que caminha com o seu povo levando adiante a promessa próximo de seu povo. Fiel à promessa: Deus, que continuamente faz o povo senti-Lo como seu Salvador porque é fiel à sua promessa. Deus, que é capaz de refazer as coisas, de recriar, como fez com o coxo de nascença que lhe recriou os pés, fê-lo curar, o Deus que cura, o Deus que sempre traz uma consolação a seu povo. O Deus que recria. Uma nova recriação: essa é a sua fidelidade conosco. Uma recriação que é mais maravilhosa do que a criação.
Um Deus que segue adiante e que não se cansa de trabalhar – digamos “trabalhar”, “ad instar laborantis”, como dizem os teólogos – para levar o povo adiante, e não tem medo de “cansar-se”, digamos assim… Como aquele pastor que quando volta para casa se dá conta de que lhe falta uma ovelha e vai, volta para buscar a ovelha que se perdeu por ali. O pastor que faz horas extras, mas por amor, por fidelidade… E o nosso Deus é um Deus que faz horas extras, mas não mediante pagamento: gratuitamente. É a fidelidade da gratuidade, da abundância. E a fidelidade é aquele pai que é capaz de subir muitas vezes ao terraço para ver se o filho retorna e não se cansa de subir: espera-o para fazer festa. A fidelidade de Deus é festa, é alegria, é uma alegria tal que nos leva a fazer como este coxo fez: entrou no templo andando, pulando e louvando a Deus. A fidelidade de Deus é festa, é festa gratuita. E festa para todos nós.
A fidelidade de Deus é uma fidelidade paciente: tem paciência com o seu povo, escuta-o, guia-o, explica-lhe lentamente e lhe aquece o coração, como fez com esses dois discípulos que caminhavam distante de Jerusalém: aquece o coração deles a fim de que voltem para casa. A fidelidade de Deus é aquilo que não sabemos o que aconteceu naquele diálogo, mas é o Deus generoso que buscou Pedro que o havia renegado. Sabemos apenas que o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão: o que aconteceu naquele diálogo não o sabemos. Mas sim, sabemos que era a fidelidade de Deus a buscar Pedro. A fidelidade de Deus sempre nos precede e a nossa fidelidade sempre é resposta àquela fidelidade que nos precede. É o Deus que nos precede sempre. E a flor da amendoeira, na primavera: floresce primeiro.
Ser fiéis é louvar esta fidelidade, ser fiéis a esta fidelidade. É uma resposta a esta fidelidade.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: Vatican News