O coração simboliza o centro ou núcleo do nosso ser, do qual se originam a oração e as ações morais
O coração é mencionado com frequência na Bíblia, especialmente no Novo Testamento, onde Jesus usa o termo para explicar muitas verdades espirituais.
Alguns exemplos:
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mateus 5, 8)
“Pois onde está o teu tesouro, lá também estará o teu coração.” (Mateus 6,21)
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças.” (Marcos 12,30)
No cristianismo, o coração simboliza o centro ou o núcleo do nosso ser, do qual se originam a oração e as ações morais. Isso até explica a expressão “core”, que é derivada da palavra latina “cor”, que significa “coração”.
O Catecismo da Igreja Católica aborda essa definição e descreve o significado espiritual do coração em sua seção sobre oração:
“De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, do coração (mais de mil vezes). É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã.
O coração é a morada onde estou, onde habito (e segundo a expressão semítica ou bíblica, aonde eu «desço»). É o nosso centro oculto, inapreensível, quer para a nossa razão quer para a dos outros: só o Espírito de Deus é que o pode sondar e conhecer. E o lugar da decisão, no mais profundo das nossas tendências psíquicas. É a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte.” (Catecismo da Igreja Católica 2562-2563)
Além da oração, o coração também é visto como fonte de nossas decisões morais:
O coração é a sede da personalidade moral: “Do coração surgem maus pensamentos, assassinato, adultério, fornicação” … É prometido aos “puros de coração” que verão Deus frente a frente e ser como ele. Pureza de coração é a pré-condição da visão de Deus. Mesmo agora, nos permite ver de acordo com Deus, aceitar os outros como “vizinhos”; permite-nos perceber o corpo humano – o nosso e o do próximo – como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina … A pureza do coração requer a modéstia que é paciência, decência e discrição. A modéstia protege o centro íntimo da pessoa. (2517, 2519, 2533)
É por isso que o termo “coração” é comumente usado nos escritos espirituais, pois é visto como uma fonte primária de tudo o que acontece em nossas vidas espirituais. Também explica por que o amor está associado ao coração, pois o amor autêntico vem do “núcleo” do nosso ser, não de algo que está na “superfície”.
Por esse mesmo motivo, é significativo que Jesus seja representado estendendo seu coração para nós, convidando-nos a levá-lo para dentro de nós e deixarmos que o seu coração domine o nosso.
Como Jesus disse a seus discípulos: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.” (Mateus 11,29).
Portanto, se queremos progredir na vida espiritual, precisamos olhar para o nosso coração e permitir que Deus o transforme e transforme também nossa oração e nossas decisões morais.
Fonte: Aleteia