Internautas fazem comparações bíblicas com a nuvem de insetos que avança pela Argentina e poderia chegar ao território brasileiro
Em torno de 1250 a.C., quando o povo de Israel era mantido em cativeiro no Egito, sob regime brutal de escravidão, o líder hebreu Moisés foi à presença do faraó para exigir, em nome de Deus, a libertação dos israelitas. O faraó se recusou e Deus começou então a desencadear uma série de dez pragas sobre o Egito.
A cada praga, o faraó afirmava que libertaria os hebreus, mas, depois, descumpria a promessa e voltava a mantê-los escravizados. Ele cedeu somente após a décima praga, que consistiu na morte de todos os primogênitos dos egípcios e dos seus animais, uma tragédia que gerou enorme comoção no país. Mesmo dessa vez, porém, o teimoso monarca resolveu voltar atrás quando o povo de Israel estava finalmente se retirando: ele mandou os seus exércitos persegui-los. Foi quando Deus abriu as águas do Mar Vermelho para a passagem dos hebreus e voltou a fechá-las enquanto os egípcios começavam a travessia em seu encalço, episódio em que as tropas do faraó morreram afogadas sem conseguirem impedir a liberdade do povo de Israel.
A saga dos hebreus no Egito e a sua longa e dolorosa jornada rumo à Terra Prometida inclui eventos fundamentais da tradição judaico-cristã, como a entrega das tábuas dos Dez Mandamentos por Deus a Moisés no Monte Sinai e a própria ocorrência das dez pragas do Egito, permitidas por Deus para forçar o faraó a libertar o povo hebreu. Tais episódios, que a Sagrada Escritura apresenta no livro do Êxodo, inspiraram inúmeras produções da literatura, da TV e do cinema.
A nuvem de 40 milhões de gafanhotos que poderia chegar ao Brasil
Nesta semana, tem chamado fortemente as atenções no Brasil, na Argentina e no Paraguai um fenômeno da natureza que recorda inevitavelmente a oitava praga do Egito: uma faraônica invasão de gafanhotos.
A enorme nuvem formada por cerca de 40 milhões desses insetos avança pela Argentina depois de ter devastado plantações de milho em território paraguaio. A voracidade dos gafanhotos para comer equivale à de 350.000 seres humanos.
O governo argentino informou que se trata de uma espécie de gafanhotos migratórios que conseguem percorrer até 150 quilômetros por dia, cruzando províncias e fronteiras em questão de horas.
Deste lado da fronteira, o governo brasileiro monitora a situação e considera medidas de controle como usar 426 aviões pulverizadores no Rio Grande do Sul para combater a praga, já que, mundialmente, a aviação agrícola é uma das estratégias mais efetivas de combate a nuvens de gafanhotos. Com 2.280 aeronaves, o Brasil tem a segunda maior frota do mundo desses aviões, atrás apenas dos EUA.
As probabilidades de que a nuvem entre em território brasileiro vêm diminuindo à medida que os gafanhotos avançam no sentido sul, paralelamente à fronteira entre a Argentina e o Rio Grande do Sul, sem entrarem no lado brasileiro. O Ministério da Agricultura do Brasil optou por declarar mesmo assim o estado de emergência fitossanitária, caso precise acionar medidas urgentes. O risco da chegada dos insetos depende das condições climáticas: frio e chuva podem causar grande mortalidade entre os gafanhotos, que preferem temperaturas acima de 25ºC.
As 10 pragas do Egito
Apesar de devastadora para a agricultura, esta nuvem de gafanhotos migratórios não implica risco elevado para pessoas e animais. Neste sentido, ela é menos preocupante do que as outras nove pragas que se abateram sobre o Egito nos tempos de Moisés:
1 – As águas do rio Nilo se transformaram em sangue envenenado (Êxodo 7,17-25).
2 – Milhares de rãs invadem rios e casas do Egito (7,26-8,11).
3 – Nuvens de mosquitos atacam o país (8,12-15).
4 – Moscas ou vespas venenosas infernizam a população (8,16-28).
5 – A peste adoece e mata grande parte do gado do país (9,1-7).
6 – Tumores, chagas e pústulas se espalham pelo corpo de pessoas e animais (9,8-12).
7 – Forte tempestade de granizo se abate sobre o país (9,13-35).
8 – A imensa nuvem de gafanhotos invade o Egito (10,1-20).
9 – O sol se oculta e as trevas encobrem o país durante 3 dias (10,21-27).
10 – Morrem todos os primogênitos dos egípcios: os humanos e os de todos os outros animais (12,29s).
Fonte: Aleteia