Francisco pediu que fiéis dediquem esta sexta-feira, 27, a rezarem e jejuarem pela paz no mundo, diante das guerras em curso.
A guerra entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, deflagrada no início deste mês, deixou não apenas autoridades e população preocupados, mas o Papa Francisco também se sensibilizou pelas perdas humanitárias dos dois lados. Também segue em andamento a guerra na Ucrânia e conflitos em outras partes do mundo.
“Silenciem as armas, ouçam o grito de paz dos pobres, das pessoas, das crianças. Irmãos e irmãs, a guerra não resolve nenhum problema, semeia morte e destruição, aumenta o ódio e multiplica a vingança”, exortou o Sucessor de Pedro na Audiência Geral de 18 de outubro.
A fim de sensibilizar não apenas os fiéis cristãos, mas todos que apelam por um mundo pacífico, o Santo Padre convocou para esta sexta-feira, 27, um dia de jejum, oração e penitência pela paz no mundo. “Acredito que o Espírito Santo conduz com esmero o nosso querido Papa Francisco, pois saber desta ferida na humanidade, que é a guerra, e não alertar, conduzir e apoiar a paz, seria como não cumprir a nossa missão neste mundo de construir o Reino de Deus, que é um Reino de Paz”, explica padre Marcelino Heitor Nunes Tomé, vigário da Paróquia N. Sra. de Fátima, em São José dos Campos (SP).
Para o religioso, momentos como este, atravessados pela humanidade ensinam muito sobre o amor ao próximo. “Assim, concordo com o Papa e se não oferecermos ao menos nossas orações, como podemos nos chamar de irmãos? Se sabemos que estão sofrendo e não fazemos nada”, pondera.
Um alívio para a dor
Mesmo em um lugar tão distante do país, a guerra entre Israel e Hamas tomou conta dos noticiários e meios de comunicação nas últimas semanas. Notícias assim podem deixar as pessoas aflitas e angustiadas, afinal, é isso que a guerra faz. Este pedido do Pontífice pode, assim, ser uma alternativa para diminuir o sofrimento em momentos dolorosos como este.
“Creio que a dor sempre é para nós um caminho de educação e alerta”, acrescenta padre Marcelino. “Rezar pela paz é uma forma de criarmos diálogo com Deus, pelos que sofrem, tendo em nós o sentimento da compaixão e voltando o nosso olhar ao interior, para que nós mesmos não caiamos nas tentações da discórdia, no alto nível da guerra.”
A importância do jejum
Neste contexto todo, o jejum pode ser uma ferramenta importante para fazer refletir sobre as barbáries que muitas vezes são impostas pela guerra. “O jejum nos ajuda a pensar em nossos exageros, quando por gosto ou desgosto abusamos no excesso, não somente nos alimentos, mas também, nos afazeres que nos apraz. Assim quando paramos para jejuar, refletimos se realmente precisamos de tantos alimentos, de tanto tempo diante do celular, de sempre dizer que está certo e outros excessos que usufruirmos”, detalha o vigário.
“O jejum potencializa a oração”, acrescenta padre Djalma Lopes Siqueira, vigário geral da Diocese de São José dos Campos (SP). “Deixamos de nos alimentar para direcionarmos nossa ‘fome’ exclusivamente a Deus. Nossa oração se torna mais profunda”.
“Quando fazemos algo por fazer, sem mergulhar no sentido deste ato, perdemos a oportunidade de nos educar e crescer na graça que Deus está nos proporcionando”, destaca padre Marcelino. “Jejuamos com espírito em Deus, isso ajudará muito a transformar o mundo”, diz o vigário.
Fraternidade
Em momentos como este, em que uma guerra mobiliza a atenção do mundo todo, o sentido da palavra fraternidade adquire novos contornos. E, apesar de ser um momento triste à história da humanidade, é também oportuno para que todos, independentemente de suas crenças, possam se unir em torno de um objetivo: a paz.
“No Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja reforçou a importância e a necessidade de diálogo. Com os cristãos, ressaltar nossa igual adoração à Trindade e à Palavra, com as religiões monoteístas (Judaísmo e Islamismo) ressaltar a igual confiança no Pai Criador, e com as demais religiões o igual amor pelo ser humano e a busca do bem comum e da paz”, defende padre Marcelino.
“Penso que é muito bom o Santo Padre ter definido esta data [27 de outubro] como um dia de oração pela paz”, exalta padre Djalma. “Mas, todos os dias devem ser de oração pela paz. O Papa tem dito que estamos vivendo uma terceira guerra mundial, mas em pedaços. É importante que rezemos todos os dias, mas um dia em que possamos nos voltar mais profundamente à intercessão pela paz. Com momentos mais prolongados de oração, acompanhados de jejum e abstinência”, orienta o presbítero.
Além deste pedido para um dia de oração, o Papa Francisco tem apelado pela libertação de reféns e para que haja um corredor humanitário. “Encorajo a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária em Gaza”, disse o Pontífice após o Angelus de domingo, 22. “E lembro a todos que depois de amanhã, na sexta-feira, viveremos um dia de jejum, oração e penitência. Às 18h, na Basílica de São Pedro, nos reuniremos para rezar e implorar a paz no mundo”, reforçou o Sucessor de Pedro.
Fonte: Canção Nova