O Papa Francisco anunciou hoje (11) que os 21 mártires coptas egípcios, decapitados em 15 de fevereiro de 2015 por terroristas do Estado Islâmico (ISIS) em uma praia na Líbia, serão incluídos no Martirológio Romano “como um sinal de comunhão espiritual que une” a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Copta.
O Papa fez o anúncio durante sua audiência privada com Tawadros II, patriarca de Alexandria e chefe da igreja ortodoxa copta, como parte da celebração dos 50 anos do encontro de seus predecessores, Papa são Paulo VI e Shenouda III (1973-2012) no Vaticano em 1973.
“Tenho o prazer de anunciar hoje que, com o consentimento de Vossa Santidade, estes 21 mártires serão incluídos no Martirológio Romano como sinal da comunhão espiritual que une as nossas duas Igrejas”, disse o Papa. “Que a oração dos mártires coptas, unida à da Theotokos, continue a fazer crescer a amizade das nossas Igrejas, até o dia abençoado em que poderemos celebrar juntos no mesmo altar e comunicar ao mesmo Corpo e Sangue do Salvador, ‘para que o mundo creia’ (Jo 17,21)”.
A companhia dos mártires
O Papa recebeu a relíquia que Tawadros II lhe deu para selar a “comunhão espiritual” através da memória dos mártires cristãos de hoje e do passado.
Em seu discurso, o Papa Francisco disse: “Neste caminho de amizade somos acompanhados também pelos mártires, que testemunham que ‘ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos’ (Jo 15,13). Não tenho palavras para expressar minha gratidão pelo precioso presente de uma relíquia dos mártires coptas mortos na Líbia em 15 de fevereiro de 2015″.
O Papa Francisco beijou a relíquia doada pela Igreja Ortodoxa Copta: laços de plástico manchados de sangue que os terroristas usaram para amarrar as mãos dos 21 mártires coptas.
“Esses mártires foram batizados não apenas na água e no Espírito, mas também no sangue, um sangue que é semente de unidade para todos os seguidores de Cristo”, disse o Papa em seu discurso.
Na audiência geral de ontem (10), o Papa e o patriarca copta ortodoxo de Alexandria rezaram juntos o Pai Nosso e recordaram os mártires na praia da Líbia.
A maioria dos 21 reféns mortos eram migrantes de uma aldeia no Egito, que foram para a vizinha Líbia trabalhar. Eles foram sequestrados por milícias ligadas ao Estado Islâmico, em Sirte, entre os meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
Em 15 de fevereiro de 2021, Francisco disse que carregava em seu coração os 21 mártires coptas do Egito: “Eles morreram dizendo: ‘Senhor Jesus!’, confessando o nome de Jesus”.
Em 15 de fevereiro de 2015, o Estado Islâmico divulgou um vídeo de cinco minutos mostrando a execução de 21 cristãos egípcios. O vídeo foi intitulado “Uma mensagem assinada com sangue para a nação da cruz” e vários dos cristãos são vistos orando antes de serem mortos.
Agradecer e suplicar
Francisco disse que o encontro com Tawadros II no Vaticano foi importante para “olhar para frente e recordar. Mas, sem dúvida, é ainda mais obrigatório olhar para cima, agradecer ao Senhor pelos passos que demos e pedir-lhe que nos conceda o dom da tão esperada unidade”.
“Agradecer e suplicar. Este é o objetivo da nossa comemoração hoje.” O discurso do Papa na comemoração dos 50 anos do encontro entre os predecessores da Igreja Copta Ortodoxa e da Igreja Católica em Roma falou da importância do evento.
A declaração cristológica conjunta assinada em 1973 encerrou uma disputa teológica que remontava ao Concílio de Calcedônia, no século V, e inspirou acordos semelhantes com outras Igrejas ortodoxas orientais.
Segundo o Papa, essa declaração adotou “os pioneiros Princípios para orientar a busca da unidade entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa, assinados pelo Papa São João Paulo II e pelo Papa Shenouda III”.
Francisco falou das palavras proféticas deste documento que defende a busca da “unidade” entre ambas as Igrejas “que imaginamos não significa a absorção de um pelo outro ou o domínio de um sobre o outro. Está a serviço de cada um para ajudá-lo a viver melhor os dons específicos que recebeu do Espírito de Deus”.
Fonte: ACI Digital