Francisco recebeu em audiência nesta quarta-feira 18, a Associação Família Espiritual de Charles de Foucauld; Santo foi canonizado no último domingo, 15
“Como Igreja, precisamos voltar ao essencial – voltar ao essencial! – não nos perder em tantas coisas secundárias, com o risco de perder de vista a pureza simples do Evangelho”. Foi o que disse o Papa Francisco ao receber em audiência, na manhã desta quarta-feira, 18, na pequena sala da Sala Paulo VI, no Vaticano, os membros da Associação Família Espiritual Charles de Foucauld.
Ao expressar sua satisfação em encontrá-los e partilhar a alegria pela canonização do Irmão Charles, no último domingo, 15, Francisco definiu o novo Santo como um profeta do nosso tempo, que soube trazer à luz a essencialidade e a universalidade da fé, duas palavras em torno das quais o Papa articulou e desenvolveu sua breve reflexão.
Essencialidade
A essencialidade, condensando o significado do crer em duas palavras simples, nas quais está tudo: “Iesus – Caritas”; disse o Santo Padre, e, sobretudo, voltando ao espírito das origens, ao espírito de Nazaré.
Francisco fez votos de que também eles, como seu fundador, o Irmão Charles, continuem a imaginar Jesus caminhando no meio povo, levando adiante pacientemente um grande trabalho, que vive na cotidianidade de uma família e de uma cidade. “Como o Senhor fica contente por ver que o imitamos no caminho da pequenez, da humildade, da partilha com os pobres!”, enfatizou.
Charles de Foucauld, no silêncio da vida eremita, em adoração constante e serviço aos irmãos e irmãs, escreveu que enquanto “somos levados a colocar em primeiro lugar as obras, cujos efeitos são visíveis e tangíveis, Deus dá o primeiro lugar ao amor e depois ao sacrifício inspirado pelo amor e à obediência derivada do amor”.
Universalidade
O Pontífice destacou ainda a universalidade. “O novo Santo viveu seu ser cristão como um irmão para todos, a começar pelos pequenos. Seu objetivo não era converter outros, mas viver o amor gratuito de Deus, vivendo ‘o apostolado da bondade’.”
Assim escreveu o santo: “Quero acostumar todos os habitantes cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras a considerar-me como seu irmão, o irmão universal”. E para fazer isso, observou o Papa, ele abriu as portas de sua casa para que ela pudesse ser “um porto” para todos, “o teto do Bom Pastor”.
Francisco agradeceu os presentes por levarem adiante este testemunho, que faz muito bem, “especialmente em um tempo em que há o risco de fechar-se nos particularismos, de aumentar a distância, de perder de vista o irmão. Infelizmente, vemos isso nas notícias de todos os dias”, frisou.
Já em tom de finalização, o Santo Padre deixou um testemunho pessoal sobre o novo Santo:
“E também eu gostaria de agradecer a São Charles de Foucauld porque sua espiritualidade me fez muito bem quando eu estudava teologia, um tempo de amadurecimento e também de crise, e que me chegou através do Padre Paoli e através dos livros de Boignot que li constantemente, e me ajudou muito a superar crises e a encontrar uma forma de vida cristã mais simples, menos pelagiana, mais próxima do Senhor. Agradeço ao Santo e dou testemunho disso, porque me fez muito bem”.
Fonte: Canção Nova