Em evento promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, Francisco falou sobre a alegria de estar com as crianças e respondeu alguns de seus questionamentos.
“Sejam bem-vindos”, disse o Papa Francisco ao receber mais de seis mil crianças, de 84 países diferentes (incluindo o Brasil), em um evento realizado nesta segunda-feira, 6, na Sala Paulo VI, no Vaticano. Promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, o momento, denominado “As crianças encontram o Papa”, teve como tema: “Aprendamos com as crianças”.
O Santo Padre afirmou que se sente sempre muito feliz quando encontra com crianças. Segundo ele, elas ensinam sempre algo de novo, recordam como a vida é bela em sua simplicidade e como é bom estar junto com as pessoas. “São duas grandes dádivas que Deus nos concedeu: estar juntos e com simplicidade”, sublinhou.
“A vida é um dom”, disse Francisco e pediu que as crianças repetissem em voz alta. O Pontífice reforçou então que as pessoas não devem se ver como inimigas, mas sim como irmãs.
Igreja, casa da família
Na sequência, o Papa reforçou que a Igreja é a casa da família. “O Senhor nos recebe sempre com um abraço e um carinho. Gostaria de acolhê-los assim, um por um, mas vocês são muitos. No entanto, gostaria de dizer: vocês são maravilhosos, a idade de vocês é maravilhosa. Sigam em frente”.
A crise climática, a fome, a guerra e a pobreza foram citadas pelo Santo Padre. Ele pediu que as crianças nunca queiram fazer o mal ou a guerra, mas que busquem sempre ajudar a encontrar a paz.
“Nós, adultos, devemos olhar para a espontaneidade de vocês e ouvir a mensagem que querem nos transmitir. Lembrem-se: a vida é um dom maravilhoso! Deus nos ama muito e é bonito estarmos juntos”, frisou.
O Pontífice questionou se as crianças rezavam pedindo a intercessão de Nossa Senhora e incentivou: “Rezem a Nossa Senhora e rezem por mim”.
Perguntas e respostas
Algumas crianças tiveram a oportunidade de dirigir perguntas ao Papa. Entre elas, uma brasileira de 9 anos, chamada Isadora. Ela questionou: “Acha que nós crianças podemos salvar a Terra?”. O Santo Padre respondeu que “sim”. Segundo ele, as crianças entendem que destruir a Terra é destruir a todos, por isso compreendem que é preciso cuidar dela. “Destruir a Terra é destruir a nós”.
“Papa, se acontecer a Terceira Guerra Mundial a paz não vai voltar nunca mais?”, perguntou uma menina de origem palestina. Francisco afirmou que a guerra já eclodiu em várias partes do mundo e destacou que ela tira a paz e a vida. Depois, pediu que as crianças dissessem: “Vamos juntos trabalhar pela paz!”.
Um pequeno italiano indagou o Pontífice sobre os seus sonhos: “O que você costuma sonhar à noite?”. O Santo Padre contou que às vezes, em sonho, tem recordações de sua infância e juventude. Outro menino, mas agora de origem ucraniana, questionou: “Papa como fazer a paz?”. Ele respondeu que não há um método, mas gestos capazes de construir a paz, um deles seria estendendo a mão ao próximo.
Nascida no Vietnã, uma menina perguntou: “Se os adultos não ouvem o senhor, como podemos pensar que eles podem nos ouvir enquanto crianças?”. Francisco frisou que a voz dos pequenos é necessária e que eles são mensageiros da paz.
Um garoto sírio indagou: “Por que matam as crianças durante a guerra e ninguém as defende?”. O Pontífice recordou então o grande número de crianças mortas durante a guerra e reforçou o quanto esse fato traduz a maldade dos conflitos. “Matar crianças é uma crueldade. Vamos fazer um minuto de silêncio por todas que perderam suas vidas”. Depois, rezou junto com as crianças a oração do Pai Nosso, em memória destes pequenos.
“Queria saber quem são os seus amigos?”, questionou uma garotinha peruana. O Papa disse que são seus amigos todos aqueles com quem convive no Vaticano, além de outros espalhados pelo mundo. “Tenho a graça de ter amigos. Uma pessoa sem amigos é uma pessoa triste”, argumentou.
Um menino do Congo quis saber qual a coisa mais importante vivida pelo Santo Padre. Ele não soube elencar uma, pois disse que teve muitos encontros importantes, como aquele com as crianças. Porém, frisou a importância de todos terem sempre em mente momentos felizes que já viveram. Na sequência, uma garotinha das Filipinas perguntou como o Papa se acalma quando está bravo. “Uma pessoa me ensinou a beber um copo d’água antes de responder a alguém quando estou bravo. (…) Temos que ser gentis, não nos deixar tomar pela raiva”.
De origem africana, uma menina questionou sobre o clima e suas variações de temperatura. Francisco ressaltou a necessidade de todos cuidarem da natureza para que ela não se rebele. “Cuidar, não explorar”. Uma jovem indagou o Pontífice sobre sua preocupação com a natureza. Ele citou alguns eventos desencadeados pelo aquecimento global e pediu que todos cuidem do meio ambiente.
Um pequeno haitiano falou sobre como os adultos poluem a natureza e perguntou com quem as crianças devem aprender a respeitá-la. O Santo Padre afirmou que era preciso aprender com quem de fato cuida da criação. Francisco respondeu a um menino australiano sobre o que faz durante o dia. “Eu trabalho, tenho muito trabalho”, disse sorrindo. Ele contou que acorda muito cedo, reza e trabalha. “O trabalho nos dá dignidade”.
“Como podemos evitar que as pessoas desperdicem coisas?”, perguntou uma menina de Gana. “Muitos não têm o que comer, não devemos jogar alimentos fora. (…) Desperdiçar comida é um pecado grave”, concluiu o Papa.
Fonte: Canção Nova