Neste domingo, 25, aconteceu a homilia do primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, celebrado neste domingo, véspera da festa litúrgica de São Joaquim e Sant’Ana, pais de Nossa Senhora.
O Santo Padre declarou que os idosos não são “sobras da vida” a serem jogadas fora e que “hoje há necessidade de uma nova aliança entre jovens e idosos: necessidade de partilhar o tesouro comum da vida, sonhar juntos, superar os conflitos entre as gerações para preparar o futuro de todos”.
Devido à sua recente cirurgia, o Papa não pôde participar da celebração, que foi presidida por dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização.
Dom Rino, porém, leu a homilia preparada por Francisco, na qual o Papa destaca três momentos de Jesus que se resumem em três verbos: ver, partilhar e guardar. Nos momentos em questão, Jesus vê a fome da multidão; partilha o pão; e manda recolher os pedaços que sobraram.
Ver: Jesus vê a fome da multidão
O Papa começou por esta passagem do Evangelho do domingo: “Jesus disse a Filipe: ‘Onde havemos de comprar pão para esta gente comer?’”. Ele se mostra interpelado pelas reais necessidades das pessoas. Levanta os olhos e vê a multidão faminta depois de uma longa caminhada para encontrá-Lo. “O milagre começa com o olhar de Jesus: um olhar não indiferente nem apressado, mas que sente as agulhadas da fome que atribulam a humanidade cansada. Ele Se preocupa conosco, cuida de nós, quer saciar a nossa fome de vida, amor e felicidade. Jesus tem um olhar contemplativo, capaz de parar diante da vida do outro e ler dentro dela”.
Este é também o olhar que os avós e os idosos tiveram para conosco, recordou Francisco: eles cuidaram de nós desde a infância e, mesmo numa vida de sacrifícios, não se mostraram indiferentes nem apressados; mantiveram olhos atentos e cheios de ternura. Em nosso crescimento, incompreendidos ou com medo dos desafios da vida, eles notaram nosso coração, nossas lágrimas escondidas e os sonhos dentro de nós. Eles nos pegaram no colo. Graças a esse amor, nos tornamos adultos.
Ele completou:
“Sofro quando vejo uma sociedade que corre, apressada e indiferente, ocupada com tantas coisas e incapaz de parar para dar um olhar, uma saudação, uma carícia. Tenho medo de uma sociedade em que todos formamos uma multidão anônima e não somos mais capazes de erguer os olhos e nos reconhecer. Os avós, que alimentaram a nossa vida, hoje têm fome de nós: da nossa atenção, da nossa ternura, de nos sentir perto deles. Ergamos o olhar para eles, como Jesus faz conosco!”.
Partilhar: Jesus partilha o pão
Depois de ver a fome das pessoas, Jesus quer alimentá-las. O Papa ressalta que isto acontece graças à ajuda de um jovem que oferece os seus cinco pães e dois peixes: “um rapaz que partilha o que tem”.
Francisco afirmou que há hoje a necessidade de uma nova aliança entre jovens e idosos para “partilhar o tesouro comum da vida, sonhar juntos, superar os conflitos entre as gerações para preparar o futuro de todos”. Sem esta aliança de vida, sonhos e futuro, “corremos o risco de morrer de fome, porque aumentam os laços desfeitos, as solidões, os egoísmos e as forças desagregadoras”. O Papa enfatizou: a ideia do “cada um pensa por si” mata!
Guardar: Jesus manda recolher os pedaços que sobraram
O Evangelho relata que sobraram muitos pedaços de pão, sobre os quais Jesus recomenda: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca”. O coração de Deus, observa o Papa, além de nos dar mais do que precisamos, ainda se ocupa em garantir que nada se perca.
Aos olhos de Deus nada deve ser descartado, acrescentou Francisco, pontuando: “ninguém deve ser descartado”.
O Papa fez então mais uma afirmação poderosa:
“Os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios a ser jogados fora. Eles são aqueles preciosos pedaços de pão na mesa da nossa vida, que ainda podem nos nutrir com uma fragrância que perdemos: a fragrância da memória”.
Somos filhos da sua história e, sem raízes, murcharemos, acrescentou o Papa. “Agora cabe a nós guardar a vida deles, aliviar as suas dificuldades, atender às suas necessidades, criar as condições para facilitar as suas tarefas diárias e para que eles não se sintam sozinhos”.
Fonte: Aleteia (adaptado)