Francisco recebeu nesta sexta-feira, 8, uma delegação italiana da Fundação Marcello Candia no Vaticano; Instituição completa 40 anos de atividades missionárias
Nesta sexta-feira, 8, o Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, uma delegação italiana com o coração brasileiro: colaboradores da Fundação Marcello Candia. Neste ano, a instituição completa 40 anos de atividades especialmente junto aos doentes e mais pobres e marginalizados da região norte do Brasil, onde trabalhou por tantos anos.
O Pontífice começou a sua saudação se congratulando pelo aniversário. Ele pediu a intercessão do Venerável Candia, que fundou a associação em 1982 e faleceu no ano seguinte.
As indicações de Paulo VI a Candia
Um agradecimento do Papa também aos colaboradores por darem seguimento às iniciativas de Marcello Candia (1916-1983), por continuarem servindo como ponte de amizade e apoio da Itália ao Brasil, com o “método e o estilo” do próprio fundador, orientados na época por Paulo VI.
Francisco, então, retomou essas indicações, já que “podem ser benéficas para todos aqueles que realizam obras semelhantes”, e aprofundou quatro sugestões de Paulo VI dadas a Marcello Candia:
“‘Se fizer um hospital no Brasil, faça-o brasileiro…’ Ou seja, bem inserido na realidade local, envolvendo a população local… Mesmo que ele possa ter colocado um pouco de estilo milanês! A inculturação, assumir a cultura do lugar onde vamos trabalhar.”
“‘Tenha cuidado’, continuou ele, ‘para evitar qualquer tipo de paternalismo; não imponha as suas ideias aos outros, mesmo com boas intenções’. Candia era um empresário, acostumado a decidir por si mesmo, por isso tinha que aprender a dirigir as coisas de outra maneira.”
“‘Faça o hospital não só para os brasileiros, mas com os brasileiros’. Isso é importante, é uma regra geral da caridade: trabalhar com as pessoas que você está servindo.”
“‘Como objetivo final, se proponha a não ser mais necessário’. Quando perceber que o hospital vai pra frente sozinho, então ‘o senhor terá feito um verdadeiro trabalho de solidariedade humana’. Essa também é uma regra muito sábia: não vincular a si mesmo as pessoas e as obras, não se tornar indispensável, mas, pelo contrário, formar os colaboradores e garantir estabilidade e continuidade, com os colaboradores; nada de paternalismo.”
A fundação ativa no Brasil
De fato, a fundação dá o apoio financeiro, mas também uma proximidade discreta, de amizade e em respeito à liberdade das iniciativas locais. Em janeiro, por exemplo, foram retomadas as viagens dos colaboradores ao Brasil. Elas acontecem especialmente no norte do país, onde foram criadas estruturas idealizadas e construídas por Candia. São elas: o Centro Social para Leprosos (1967) em Marituba, no Pará, e o Hospital São Camilo e São Luís (1969) em Macapá, capital do Amapá.
Estas estruturas têm o intuito de acolher e servir os mais pobres. As duas cidades são lugares históricos da obra de Marcello Candia, mas não só, porque o trabalho do missionário se estendeu criando outras realidades na região norte em benefício dos mais necessitados.
O Papa Francisco, assim, finalizou a sua saudação se congratulando pelo esforço empreendido, “diariamente e nos bastidores”, para continuar a obra do leigo missionário italiano em terras brasileiras.
A fundação, de fato, não administra as atividades criadas por Candia no Brasil, recordou o próprio Pontífice, mas “apoia as comunidades locais e os missionários em suas iniciativas com os doentes, leprosos e pessoas em várias situações de necessidade”.
Um outro mérito reportado pelo Santo Padre, é que “os custos de manutenção da fundação são mínimos, quase tudo vai para as obras no Brasil” – o que é muito importante, afirmou, porque existem organizações de caridade que, “não exagero, a metade ou 60% vão para pagar os salários” de quem trabalha nas estruturas.
Ao encorajar novamente pelo trabalho, o Pontífice deu a bênção final: “A bênção que lhes dou, leve-a a todos aqueles que colaboram aqui na Itália e no Brasil.”
Fonte: Canção Nova