Assim indicou o Santo Padre antes da oração do Ângelus, ao refletir sobre a passagem do Evangelho de São Mateus (18,15-20) na qual Jesus explica a importância da correção fraterna.
“A passagem de hoje fala da correção fraterna e convida-nos a refletir sobre a dupla dimensão da existência cristã: a comunitária, que exige a proteção da comunhão, e a pessoal, que exige a atenção e o respeito por cada consciência individual”, disse o Papa.
Nesse sentido, o Santo Padre destacou que “para corrigir o irmão que cometeu um erro, Jesus sugere uma pedagogia de recuperação” e acrescentou que “a pedagogia de Jesus é sempre uma pedagogia de recuperação” que se articula em três passagens.
Em primeiro lugar, o Papa recordou que Jesus sugere “ir ao irmão com discrição, não para o julgar, mas para o ajudar a perceber o que fez” e reconheceu que “não é fácil pôr em prática este ensinamento de Jesus” porque “existe o temor de que o irmão ou a irmã reajam mal”.
Se a primeira intervenção falhar, em segundo lugar, Jesus sugere “não desistir, mas recorrer ao apoio de algum outro irmão ou irmã” e o Santo Padre explicou que “este é um preceito da Lei de Moisés” e que “as duas testemunhas solicitadas não são para acusarem e julgar, mas para ajudar”.
Por fim, Jesus sugere dizê-lo “à comunidade, ou seja, à Igreja”, destacou o Papa, que afirmou que “em algumas situações, toda a comunidade está envolvida”, já que “há coisas que não podem deixar indiferentes os outros irmãos: é necessário um amor maior para recuperar o irmão”.
Se isso também não for suficiente, o Papa destacou a importância de “colocar o nosso irmão de volta nas mãos de Deus”, porque “só o Pai poderá demonstrar um amor maior do que o de todos os irmãos juntos”.
Nesse sentido, o Santo Padre disse que “este ensinamento de Jesus nos ajuda muito” e alertou mais uma vez para o perigo de falar mal dos outros e afirmou que “a fofoca é uma peste pior que a COVID”.
Por isso, o Papa destacou que “não se trata de uma questão de condenação sem apelo, mas do reconhecimento de que por vezes as nossas tentativas humanas podem falhar, e que só estando sozinho perante Deus pode colocar o nosso irmão perante a sua própria consciência e a responsabilidade pelos seus atos”.
Nesse sentido, o Santo Padre pediu “silêncio e oração pelo irmão e irmã que erram, mas nunca fofoca”.
“Que Nossa Senhora nos ajude a fazer da correção fraterna um hábito saudável, para que nas nossas comunidades possam sempre ser estabelecidas novas relações fraternas, baseadas no perdão recíproco e sobretudo no poder invencível da misericórdia de Deus”, concluiu o Papa.
A seguir, o Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
Mateus 18, 15-20
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: 15 “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16 Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público.
18 Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.
19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. 20 Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”.
Fonte: acidigital