Papa discursou aos membros do Congresso Judaico Mundial com ênfase ao trabalho conjunto de ambos em prol de um mundo mais fraterno
Na manhã desta terça-feira, 22, o Papa Francisco recebeu os membros do Congresso Judaico Mundial (World Jewish Congress) no Vaticano. Após as saudações iniciais, o Papa falou sobre as semelhanças entre os judeus e católicos recordando que há em comum entre as duas religiões tesouros espirituais inestimáveis.
O Pontífice afirmou que as duas religiões professam a fé no Criador do céu e da terra. Deus não apenas deu à luz a humanidade, mas molda cada ser humano à sua imagem e semelhança. “Acreditamos que o Todo-Poderoso não permaneceu distante da sua criação, mas se revelou, não se comunicando apenas com alguns, isoladamente, mas se dirigindo a nós como um povo”. Recordou também a relação com Ele e a colaboração em Sua providencial vontade através da fé e da leitura das Escrituras transmitidas nas tradições religiosas.
Perspectivas sobre o fim
“Temos também uma perspectiva semelhante sobre o fim”, continuou Francisco, dizendo que tanto católicos quanto judeus são convictos de que, no caminho da vida, não vão na direção do nada, mas para o encontro com o Altíssimo que cuida de cada um. É o encontro com Aquele que prometeu, no final dos dias, um reino eterno de paz, onde tudo o que ameaça a vida humana e a convivência terminará.
“O Senhor realizará este futuro, de fato Ele mesmo será nosso futuro. E embora existam ideias diferentes no judaísmo e no cristianismo sobre como será esse cumprimento, a promessa reconfortante que temos em comum permanece”.
Olhar para o presente
O Papa também falou aos presentes sobre a perspectiva do presente. Disse que, considerando a herança religiosa que judeus e católicos compartilham, o presente é visto como um desafio que os une, como uma exortação para agirem juntos.
“Nossas duas comunidades de fé têm a tarefa de trabalhar para tornar o mundo mais fraterno, lutando contra as desigualdades e promovendo maior justiça, para que a paz não permaneça uma promessa do outro mundo, mas seja uma realidade já neste mundo.”
Acrescentando a este ponto, Francisco assumiu que o caminho para a convivência pacífica começa com a justiça que, junto com a verdade, o amor e a liberdade, é uma das condições fundamentais para uma paz duradoura no mundo.
Convite a recuperar a justiça
“Aquele que criou todas as coisas de acordo com a ordem e a harmonia nos convida a recuperar este pântano de injustiça que corrói a convivência fraterna no mundo, assim como a devastação ambiental corrói a saúde da terra”.
O Pontífice disse também que iniciativas comuns e concretas para promover a justiça exigem coragem, colaboração e criatividade. “Se beneficiam muito da fé, da capacidade de confiar no Altíssimo e de se deixar guiar por Ele, ao invés de se deixar guiar por meros interesses terrenos, que são sempre imediatos e míopes, particulares e incapazes de abraçar o todo”.
Apelo pela paz
Por fim o Papa concluiu recordando as muitas regiões do mundo nas quais a paz está ameaçada. “Reconheçamos juntos que a guerra, toda guerra, é sempre, de qualquer modo, em toda parte, uma derrota para toda a humanidade!”.
“Penso na guerra da Ucrânia, uma guerra sacrílega que ameaça tanto judeus como cristãos, privando-os de seus afetos, suas casas, seus bens, suas próprias vidas! Somente na vontade séria de nos aproximarmos e no diálogo fraterno é possível preparar o terreno para a paz. Como judeus e cristãos, façamos tudo o que for humanamente possível para acabar com a guerra e abrir caminhos para a paz.”
Fonte: Canção Nova