O Papa Francisco, na manhã desta quarta-feira (14/09), recebeu em audiência os participantes do XXVI Colóquio Ecumênico Paulino. Um encontro que é fruto da primavera do Espírito Santo, que foi o Concílio Vaticano II, e devido ao seu prazo de validade bienal, está agora em sua vigésima sexta edição. O evento acontece na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, confiada aos monges beneditinos.
O Papa iniciou seu discurso voltando-se ao Abade da Basílica e aos professores e acadêmicos que vieram a Roma para o Colóquio Ecumênico Paulino. Francisco mencionou a importância dos estudos para o conhecimento bíblico e espiritual e destacou a relevância das palestras em que participam diferentes denominações cristãs:
“Esta é a grande contribuição do Colóquio: o encontro entre diferentes grupos de cristãos, mas unidos pela sabedoria do Magistério Paulino; o diálogo entre diferentes pontos de partida, que buscam um terreno comum a partir da Escritura; a comparação exegética rigorosa e erudita, que encontra seu leito vital em um contexto de oração e espiritualidade, de modo que a beleza do epistolário do Apóstolo e sua importância para a vida cristã e eclesial possam emergir. ”
Ecumenismo: coragem e profecia
O Papa destacou que esta iniciativa é corajosa e profética. “Há a coragem de superar as barreiras da desconfiança, que muitas vezes surgem quando somos chamados a encontrar o outro, e mais ainda quando o outro tem uma tradição diferente da minha”, sublinhou Francisco. “E depois há a profecia ecumênica, a da saudável ‘impaciência do Espírito’ à qual todos nós, cristãos, somos chamados, para que a jornada rumo à plenitude da unidade prossiga e o compromisso de testemunhar não diminua. Se, ao longo da história, as divisões foram causa de sofrimento, hoje devemos nos comprometer a reverter o curso, progredindo nos caminhos da unidade e da fraternidade, que começam justamente pela oração, pelo estudo e pelo trabalho conjunto.”
Após refletir sobre um trecho da Carta de São Paulo aos Romanos, que tem guiado as reflexões dos estudiosos nestes dias de encontro, o Pontífice ressaltou que, através da esperança, deseja sempre apoiar este valioso trabalho do diálogo acadêmico, bíblico, espiritual e fraterno, e ressaltou:
“Por favor, continuem suas pesquisas bíblicas com rigor e competência, mas também e sobretudo deixem-se maravilhar pelos inúmeros recursos espirituais contidos nas Epístolas Paulinas, para oferecer às comunidades cristãs ‘palavras novas’, capazes de comunicar a bondade misericordiosa do Pai, a atualidade da salvação de Cristo, a esperança renovadora do Espírito.”
Espírito de diálogo e de fraternidade
Ao abordar o tema do caminho ecumênico, o Santo Padre contou uma história: “certa vez, perguntaram a um grande teólogo ortodoxo: O que você acha da unidade cristã, como ela está indo, quando será o momento da plena unidade? E esse bom teólogo, que morreu há alguns meses, disse: Eu sei quando haverá plena unidade: no dia seguinte ao Juízo Final!”, e completou com bom humor: “isso não nos tira a esperança”.
Ao finalizar seu discurso, Francisco afirmou que é muitas vezes através do trabalho laborioso e oculto, que cresce entre os cristãos o espírito ecumênico, um espírito de diálogo e de fraternidade que ajuda o caminho comum de busca do Senhor. E destacou: “devemos caminhar juntos, orar juntos e trabalhar juntos. O verdadeiro ecumenismo é feito por meio da caminhada. Não tenham medo disso. Sirvam os pobres, ajudem as comunidades cristãs e também as comunidades não cristãs. Caminhem e sirvam.”
Ao encerrar a audiência, o Papa convidou todos a rezarem juntos a oração do Pai Nosso, cada um em seu próprio idioma.
Fonte: Vatican News