Francisco encontrou-se com agentes de caridade e inaugurou a “Casa da Misericórdia”, prédio construído para acolher vulneráveis na capital da Mongólia.
No último compromisso oficial de sua viagem à Mongólia, o Papa Francisco encontrou-se com agentes de caridade no país para a inauguração da “Casa da Misericórdia”. O evento aconteceu às 9h30 da manhã de segunda-feira, 4, no horário local.
O prédio inaugurado antigamente acolhia um colégio católico. Em uma iniciativa da Prefeitura Apostólica de Ulaanbaatar (com a ajuda da direção nacional das Pontifícias Obras Missionárias da Austrália), ele foi reformado para se tornar uma estrutura inédita. O local vai acolher temporariamente pessoas em situação de vulnerabilidade social, como migrantes e indivíduos em situação de rua. O espaço conta inclusive com uma clínica, com profissionais e voluntários que vão atuar em contrato com estruturas de saúde, com a polícia local e com assistentes sociais.
Na acolhida, o Pontífice foi recebido pelo diretor da Casa, o padre salesiano Andrew Tran Le Phuong. Ele também ouviu os testemunhos de uma mulher portadora de deficiência e de uma religiosa voluntária, e assistiu a um espetáculo de canto protagonizado por jovens. Depois, pronunciou o seu discurso aos presentes, ressaltando a dimensão caritativa da Igreja: “Onde há acolhimento, hospitalidade e abertura ao outro, respira-se o bom odor de Cristo”.
Sobre o nome escolhido para esta obra, “Casa da Misericórdia”, Francisco destacou como ambas as palavras que o compõem definem bem a Igreja. Ela é “chamada a ser morada acolhedora onde todos podem experimentar um amor superior, que toca e comove o coração: o amor terno e providente do Pai, que nos quer irmãos e irmãs na sua casa”, afirmou.
O trabalho voluntário
Voltando-se para o aspecto do voluntariado, o Santo Padre disse que este pode parecer uma “aposta perdedora”; contudo, aquilo que é dado sem esperar nada em troca não é desperdiçado, mas torna-se um grande tesouro para quem doa seu próprio tempo e energias. A medida do progresso das nações não se dá pela riqueza financeira ou pelo valor investido em armamentos, indicou o Papa, mas pela capacidade de prover à saúde, à educação e ao crescimento integral do povo – justamente o que o voluntariado promove.
O Pontífice também apontou para alguns “mitos” sobre o voluntariado. Começando com a crença de que apenas os ricos realizam trabalhos voluntários, ele frisou que “não é preciso ser rico para fazer bem” e que “são quase sempre as pessoas comuns que dedicam tempo, conhecimentos e coração para cuidar dos outros”.
Além disso, sublinhou que a Igreja não faz caridade por proselitismo, para “atrair” as pessoas para si. “Não é isso! Os cristãos identificam a pessoa necessitada e fazem todo o possível por aliviar as suas tribulações, porque nela veem Jesus, o Filho de Deus, e Nele a dignidade de cada pessoa, chamada a ser filho ou filha de Deus”, declarou Francisco.
Por último, o Papa quis dissipar a ideia de que só os meios econômicos contam, como se a única forma de cuidar do outro fosse o recurso a pessoal assalariado e o investimento em grandes estruturas. “Claro que a caridade exige profissionalismo, mas as iniciativas de beneficência não devem tornar-se empresas, mas conservar o frescor de obras de caridade. (…) Comprometer-se apenas por remuneração não é verdadeiro amor; só o amor vence o egoísmo e faz avançar o mundo”, assinalou.
“Faço-o por amor de Deus”
Concluindo seu discurso, o Santo Padre relembrou um episódio relacionado a Santa Teresa de Calcutá. Uma vez um jornalista, vendo-a curvada sobre a ferida de um paciente para tratá-lo, disse à religiosa: “O que faz é belíssimo, mas eu pessoalmente não o faria nem por um milhão de dólares”. Madre Teresa sorriu e respondeu: “Por um milhão de dólares eu também não; faço-o por amor de Deus”.
Assim, expressou que reza para que este estilo de gratuidade seja a mais-valia da “Casa da Misericórdia”, e presenteou o local com uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus, inspirada no célebre ícone de Nossa Senhora da Ternura. Após este momento, o Papa Francisco dirigiu-se para o Aeroporto Internacional Chinggis Khaan, concluindo sua Viagem Apostólica.
Fonte: Canção Nova