Na Catequese desta quarta-feira, 8, Francisco pediu aos fiéis que olhem o crucifixo e abram o Evangelho; “Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será essa”, frisou
Da redação, com Vatican News
“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”. Com essas palavras, o Papa Francisco iniciou sua catequese na Audiência Geral, desta quarta-feira, 8, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia do Covid-19.
Segundo o Pontífice, a narração da Paixão de Jesus, que acompanha homens e mulheres nestes dias santos, ajuda, pois nela se concentram muitas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, perguntava-se se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”.
Francisco frisou que a mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”, agora grita: “Crucifica-o!” Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam, comenta o Papa. “Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”, complementou.
O Santo Padre disse que, ao continuar a leitura da Paixão do Senhor, é possível encontrar um fato surpreendente: “Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: ‘De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!’ Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”.
“Perguntemo-nos hoje: qual é a verdadeira face de Deus? Geralmente, projetamos n’Ele o que somos, na máxima potência: o nosso sucesso, o nosso senso de justiça e também a nossa indignação. Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus, porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse.
Francisco, acrescentou: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho”.
Nestes dias, em que todos estão em quarentena e em casa, fechados, o Papa exortou os fiéis a tomarem duas coisas em mãos: o crucifixo e o Evangelho. Isso será como uma grande liturgia doméstica, já que não é possível ir à igreja nesses dias, pontuou o Pontífice.
“O Evangelho nos diz que quando as pessoas vão a Jesus para fazê-lo rei, por exemplo, depois da multiplicação dos pães, Ele sai. Quando os espíritos maus querem revelar a sua majestade divina, Ele os silencia. Por quê? Porque Jesus não quer ser mal entendido, ele não quer que as pessoas confundam o Deus verdadeiro, que é o amor humilde, com um deus falso, um deus mundano que dá espetáculo e se impõe à força. Deus é onipotente no amor, e não de outra maneira. É sua natureza. Ele é assim. Ele é amor”.
O Santo Padre afirmou que muitos poderiam objetar: “O que eu faço com um Deus tão fraco? Preferiria um deus forte e poderoso!”. Mas o poder deste mundo passa, enquanto o amor permanece, sublinhou. Para o Papa, somente o amor protege a vida, porque abraça as fragilidades e as transforma. “É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança”.
“A Páscoa nos diz que Deus pode transformar tudo para o bem. Que com ele podemos realmente confiar que tudo ficará bem. É por isso que, na manhã de Páscoa, nos é dito: ‘Não tenha medo!’. As perguntas angustiantes sobre o mal não desaparecem repentinamente, mas encontram, no Ressuscitado, o fundamento sólido que não nos deixa naufragar”.
Francisco concluiu sua catequese dizendo: “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”. Convidou a todos a abrir o coração na oração: “Não se esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será essa”, e desejou a todos uma boa Semana Santa e uma Feliz Páscoa.
Fonte: Canção Nova